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Saúde

Testes rápidos para Covid-19 nas farmácias: donos de estabelecimentos dizem não ter estrutura para cumprir norma no DF

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Por determinação da Anvisa, exames deixam de ser feitos apenas em hospitais e clínicas. Sindicato dos Farmacêuticos de Brasília e Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos discordam da medida.

Teste rápido para Covid-19 no DF. A partir da coleta de uma gota de sangue, é possível detectar a presença de anticorpos – são defesas produzidas pelo corpo humano contra o vírus — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta terça-feira (28), a realização de testes rápidos de diagnóstico do novo coronavírus (Covid-19) em farmácias e drogarias de todo o país. No Distrito Federal, o Sindicato dos Farmacêuticos de Brasília (Sindifar-DF) e o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos (Sincofarma-DF) discordam da decisão.

A medida foi aprovada pela diretoria da agência por unanimidade, em caráter temporário, enquanto durar a pandemia da Covid-19. Os testes deverão ser feitos por farmacêuticos (veja detalhes abaixo).

Para o presidente do Sincofarma Francisco Messias Vasconcelos, as farmácias e drogarias do Distrito Federal não estão preparadas para fazer a testagem. Segundo ele, os donos das empresas não têm como arcar com o custo da medida.

“Uma autorização provisória, pra preparar uma sala e treinar um farmacêutico pra fazer esses testes, vai ter um custo muito alto. E a quantidade de testes feitos não vai cobrir esse custo todo.”

Vasconcelos diz ainda que muitas farmácias e drogarias não possuem espaço adequado para a realização dos exames. “Essa sala tem que ser individual, um espaço físico sem trânsito de gente. Pouquíssimas drogarias que conseguem se adaptar à regulamentação”, aponta.

Shopping do DF com farmácia aberta, em imagem de arquivo — Foto: Larissa Passos/G1

O presidente do Sincofarma acrescenta que os farmacêuticos não estão capacitados para fazer os testes. “É necessário um treinamento para esse trabalho, eles não são preparados pra isso”, afirma.

O presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Brasília Eduardo Alvarenga, também discorda da determinação da Anvisa. Segundo ele, as drogarias não estão preparadas para fazer um teste com “tanta demanda”, porque nem todas as farmácias têm equipamentos de proteção individual.

“Eles [farmacêuticos] vão ficar muito expostos, então o pessoal vai vir fazer o exame com sete dias de sintomas e não funciona dessa forma, mesmo assim, a pessoa vai querer fazer o teste de qualquer jeito.”

O que diz o Conselho Regional de Farmácia?

A presidente do Conselho Regional de Farmácia do DF Gilcilene Chaer, alega que a implementação da testagem nas drogarias precisa de um espaço adequado. Segundo ela, cabe ao dono do estabelecimento fornecer a sala e os equipamentos de segurança para os farmacêuticos – únicos aptos a realizar o exame.“Esse exame só pode ser realizado pelo farmacêutico, pelo profissional de saúde, porque é ele que vai ter a expertise de fazer a leitura e validar o resultado.”

Kit teste rápido da Covid-19 — Foto: ASN/Divulgação

Para Gilcilene, a medida vai facilitar o acesso da população aos testes. Mas, apesar de ser um meio de diagnóstico rápido, o procedimento “tem limitações”, alerta.“Não podemos esquecer que esse teste tem limitações. Ele só começa a dar positivo depois de sete dias de sintomas, antes disso, ele pode dar falso negativo.”

O que diz a Anvisa?

Segundo a Anvisa, a decisão autoriza a aplicação dos testes nas farmácias, mas não obriga que os estabelecimentos disponibilizem os testes.

“A adesão, portanto, é voluntária”, diz a Anvisa.

O que prevê a medida:

  • Os testes deixam de ser feitos, obrigatoriamente, apenas em hospitais e clínicas
  • Farmácias e drogarias que quiserem realizar o exame deverão ter um profissional qualificado durante todo horário de funcionamento
  • A presença de um farmacêutico é obrigatória
  • Os testes deverão ser feitos no local
  • O resultado do teste deverá ser interpretado por um profissional de saúde, que terá acesso a outros dados do paciente
  • Teste deve custar, em média, R$ 150

    ‘Drive-thru’ de testes rápidos no DF

Teste ‘drive-thru’ para coronavírus no DF. — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

No Distrito Federal, a aplicação de testes rápidos gratuitos começou no dia 21 de abril. Segundo a Secretaria de Saúde, inicialmente, cerca de 100 mil testes serão aplicados.

A pasta afirma que, para participar da testagem, é importante que a pessoa esteja com sintomas – como gripe e febre – há sete dias, no mínimo. A orientação segue as especificações técnicas dos fabricantes dos testes.

Os testes aplicados nos postos “drive-thru” são exclusivamente para a Covid-19. Eles são feitos de duas formas:

  • Teste sanguíneo: a partir da coleta de uma gota de sangue, é possível detectar a presença de anticorpos – são defesas produzidas pelo corpo humano contra o vírus. Resultado sai em 30 minutos.
  • Teste swab: coleta-se por meio de um cotonete gotículas da garganta e do nariz do paciente. O resultado sai em até 48h, liberado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF).

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