Destaque
Consumo das famílias tem maior queda desde 2001; retração do setor de serviços é a maior em 12 anos
Os números do PIB divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE mostram um forte recuo no consumo das famílias e no setor de serviços, que têm peso de mais de 60% na economia brasileira.
O setor de serviços, que engloba atividades como comércio, bancos, transportes, recuou 1,6% ante o trimestre imediatamente anterior. Foi a maior queda desde 2008, ano da crise global provocada pelo colapso das hipotecas de alto risco nos EUA.
Já o consumo das famílias, afetado pelo desemprego e pelas medidas de isolamento social, sofreu a maior retração desde 2001, com queda de 2%, ante os últimos três meses de 2019.
– A queda do consumo das famílias está atrelada à queda dos serviços. Com o distanciamento social em março, muitas atividades como cinema, academias, restaurantes e outros foram fechados, e os serviços pesam cerca de metade de tudo que as famílias consomem – explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Rebeca lembra que ocorreu no Brasil o mesmo que houve em outros países afetados pela pandemia, onde o setor de serviços também sofreu com o fechamento do comércio devido ao isolamento social.
Débora Lopes, 42 anos, trabalhava em uma empresa de limpeza terceirizada que presta serviços para as escolas da prefeitura do Rio de Janeiro. Com a crise, ela foi avisada há poucas semanas de que não continuaria no emprego, e decidiu fazer cortes no consumo da família.
Com o trabalho da filha mais velha, Gabriela, a família consegue ganhar até R$ 1.055 por mês, além de receber uma cesta básica com alguns produtos. Débora passou a abrir mão de comprar alguns produtos mais caros como carne e laticínios.
A queda nos serviços e no consumo das famílias foi a principal causa para o resultado negativo do PIB, que recuou 1,5% no primeiro trimestre. O resultado veio em linha com a expectativa do mercado.
Na comparação com igual período de 2019, a queda foi de 0,3%. O PIB é o conjunto de todos os bens e serviços produzidos pela economia.
Assim como o setor de serviços, também a indústria registrou queda na produção, de 1,4%. Com isso, o setor viu sua participação no PIB cair ainda mais.
A indústria no primeiro trimestre de 2020 respondeu por 20,9% de tudo o que foi gerado de riquezas no país – é o menor patamar da série histórica. Em 2005, o peso da indústria chegou ao auge de 28,5%.
Você precisa estar logado para postar um comentário Login