Economia
Ibovespa recua em volta do feriado após medo de 2ª onda derrubar bolsas
A bolsa brasileira recua, nesta sexta-feira, 12, em movimento de ajuste, após os mercados internacionais terem apresentado fortes desvalorizações na véspera. Como não houve pregão no dia anterior, em função do feriado, os efeitos negativos são sentidos hoje no mercado brasileiro. Às 12h42, o Ibovespa, principal índice de ações, caía 3,18% e marcava 91.679,04 pontos.
Na quinta-feira, 11, o medo de uma segunda onda de contaminação tomou o mercado financeiro, após aumentarem os casos de coronavírus em estados do oeste americano. Com isso, os principais índices de ações registrassem perdas significativas. Nos Estados Unidos, o Dow Jones teve a maior desvalorização desde março ao cair 6,9%. O ETF EWZ, que representa a bolsa brasileira nos EUA, caiu 7,8%.
No mercado brasileiro, se esperava que o Ibovespa caísse ainda mais, as perdas das bolsas internacionais se estendessem até hoje – o que não ocorreu. No exterior, os principais índices de ações recuperam partes das depreciações da véspera. Na Europa, o índice pan-europeu avança 1,25%, enquanto, nos EUA, os futuros do S&P 500 e do Dow Jones sobem mais de 2%.
O temor do mercado é o de que uma segunda onda pudesse reviver as quarentenas, o que poderia intensificar os estragos econômicos. “As empresas estavam tomando empréstimos para que pudessem se reerguer, após a reabertura. Se volta a fechar, piora o cenário para honrar pagamentos, o que pode causar um efeito em cascata”, disse Marcio Loréga, analista da Ativa Investimentos.
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, em entrevista à CNBC, afastou a possibilidade de um segundo lockdown no país, o que ajudou a atenuar o pessimismo do mercado.
Porém, Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, não acredita que o medo de uma segunda onda tenha sido o principal motivo para as quedas da véspera. “O fato de as ações estarem retomando boa parte das perdas de ontem mostra que o medo de uma segunda onda não é algo sólido. Eles buscaram alguma razão para realizar lucros. Depois de duas semanas de altas muito fortes, a necessidade de realização de lucros era evidente”, afirmou.
Mesmo com aumento do desemprego e previsão de que os Estados Unidos tenha contração de mais de 5% do PIB, o índice de Nasdaq vinha de três recordes históricos, antes das quedas de quinta-feira. Já o S&P 500, com menor concentração de empresas de tecnologia, havia zerado as perdas do ano, na terça-feira.
Para Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, foi positivo o mercado brasileiro ter ficado fechado na quinta-feira. “Estamos passando por um ajuste do que ocorreu ontem, mas com impactos menores. Não participamos de toda aquela volatilidade, o que ajudou”, disse.
“Era para termos tido um queda muito grande ontem, talvez até um circuit breaker”, afirmou Loréga. Segundo ele, o anúncio feito pelo governador de São Paulo, João Dória, de que o estado deve ter vacina contra o coronavírus até o primeiro semestre de 2021, poderia ter causado um impacto positivo. “O mercado está muito ávido por notícias positivas, mas isso acabou sendo mitigado porque as quedas de ontem foram muito pesadas.”
Segundo Loréga, os 90 mil pontos do Ibovespa podem servir de resistência, que, se rompida, pode fazer o índice chegar facilmente aos 87 mil pontos. “Agora, se cair para baixo disso, a gente pode chegar a perder mais 10 mil pontos.”
Destaques
Na bolsa, as ações de companhias aéreas e agência de turismo CVC, que apresentaram forte valorização nas últimas sessões, lideravam as perdas do índice. Os papéis da CVC, Azul e GOL caíam 10,5%, 8,3% e 7,3%, respectivamente. Na ponta positiva, somente as ações do Carrefour se valorizavam, subindo 1%.
Você precisa estar logado para postar um comentário Login