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PIB do Reino Unido teve queda recorde de 20,4% em abril

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Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, deixa sua residência em Downing Street, Londres – 03/10/2019 Henry Nicholls/Reuters

O confinamento contra a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, custou ao Reino Unido um quinto de seu Produto Interno Bruto (PIB) em abril, de acordo com os dados divulgados pelo o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) nesta sexta-feira, 12. O resultado é uma queda recorde, que acontece após a contração de 5,8% em março.

Abril foi o primeiro mês completo de confinamento, que começou em 23 de março e paralisou a atividade econômica do país, um dos mais afetados do mundo pela pandemia, com mais de 41.000 mortes provocadas pela doença.

“O retrocesso do PIB em abril é o mais forte já registrado no Reino Unido, mais de três vezes que o mês anterior e quase 10 vezes mais que a queda mais expressiva antes da COVID-19”, afirmou Jonathan Athow, estatístico do ONS.

Na opinião de Andrew Wishart, economista da Capital Economics, o abalo econômico para o país é maior que o da Grande Depressão de 1929 e a crise financeira global de 2008.

Mas o Reino Unido começou a suspender progressivamente as restrições impostas para conter a propagação do vírus. A maioria dos estabelecimentos comerciais – com exceção dos bares, restaurantes, hotéis e salões de beleza – devem retomar as atividades na próxima semana.

“Como o confinamento começou a ser flexibilizado em maio, abril marcará o ponto mínimo para o PIB”, destaca Wishart, ao considerar que “passamos pelo pior”.

O economista adverte, no entanto, que “a recuperação vai levar tempo, já que as restrições serão retiradas lentamente e as empresas e os consumidores continuarão sendo cautelosos”.

Recessão e Brexit

Após uma queda de 2% do PIB no primeiro trimestre do ano na comparação com o último trimestre de 2019, o país se prepara para entrar em uma profunda recessão: a economia pode cair até 35% no segundo trimestre segundo o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR), organismo público responsável pelas previsões do governo.

Apesar dos esforços do governo para preservar os empregos, cobrindo 80% do salário dos funcionários que não foram demitidos, a paralisação econômica está provocando uma avalanche de cortes de postos de trabalho. O Executivo anunciou medidas para tentar amenizar o choque, como empréstimos para empresas.

Os economistas projetam uma retomada das atividades a partir do segundo semestre, mas ninguém arrisca qual será o alcance. O presidente do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, defendeu a prudência e advertiu que os próximos meses serão difíceis.

A situação pode ficar ainda mais grave após 31 de dezembro, quando termina o período de transição pós-Brexit, que implicará a saída efetiva do Reino Unido da União Europeia.

O país abandonou oficialmente o bloco em 31 de janeiro, mas pouco mudou até o momento, enquanto Londres e Bruxelas negociam um acordo de livre comércio para administrar a futura relação.

O período de transição pode ser ampliado até 2022, mas o governo do primeiro-ministro Boris Johnson se nega a solicitar a medida, o que provoca o temor de uma ruptura brutal em pouco mais de seis meses.

(Com AFP)

 

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