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Credores ameaçam ir à Justiça após fracasso das negociações na Argentina

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Alberto Fernandez, o inflexível: “Não podem exigir da Argentina o que não exigem do mundo” Agustin Marcarian/Reuters

O principal grupo de credores da Argentina advertiu, em um comunicado divulgado na madrugada desta quinta-feira, 18, que avalia entrar na Justiça depois de decretar “um fracasso nas negociações” para reestruturar a dívida pública do país. A Argentina emitiu quase 66 bilhões de dólares em títulos públicos, sob legislação estrangeira, mas deixou de honrar seus compromissos em 22 de maio deste ano, quando não pagou 500 milhões de dólares em juros de três dos títulos sujeitos à troca.

Tecnicamente, o país voltou a entrar em default pela nona vez. A dívida pública argentina alcança 324 bilhões de dólares, quase 90% do PIB, após a crise que quase quebrou a economia em 2000. Desde então, várias tentativas de reestruturação foram tentadas.

“Dado o fracasso das negociações, nosso grupo está considerando todos os direitos e recursos legais disponíveis em nossa capacidade como fiduciários para os milhões de poupadores que servimos em todo o mundo”, afirma o comunicado do Grupo Ad Hoc de Detentores de Títulos Argentinos, liderado pelo fundo BlackRock, o mais importante dos três que negociam.

O grupo, que participa desde abril das negociações para uma troca da dívida com a Argentina, disse ainda que “Apesar das melhorias adicionais à proposta, as autoridades optaram por permanecer em descumprimento de pagamentos (default), aumentando os riscos de deterioração econômica em uma economia que tem necessidades urgentes de novos investimentos e acesso aos mercados internacionais de capital”.

O governo argentino estabeleceu a próxima sexta-feira como prazo final para um acordo de reestruturação da dívida. O presidente Alberto Fernández, um representante do Kirchnerismo, eleito em outubro do ano passado, chegou à Casa Rosada com o compromisso de abrir novas negociações com os credores, mas tem decretado medidas que vão na contra mão da política de responsabilidade fiscal, adotada por seu antecessor, Maurício Macri. “Vamos pagar na medida do possível, nem um milímetro a mais. E nisso sou inflexível, porque conheço como estão as finanças do mundo. Não podem exigir da Argentina o que não exigem do mundo”, advertiu Fernández.

Durante as negociações, as partes assinaram um acordo de confidencialidade, que expirou na quarta-feira, sem que a Argentina apresentasse uma nova proposta formal. “Estamos fazendo um trabalho para tentar aproximar posições. Se não querem aproximá-las, não depende mais de mim”, completou o presidente.

(Com AFP)

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