Brasil
Sindicato dos Médicos de MT pede lockdown nas duas maiores cidades do estado
O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed/MT) pede que os prefeitos de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, e de Várzea Grande, Lucimar Campos, decretem o fechamento total do comércio considerado não essencial, o chamado lockdown, para evitar a disseminação do coronavírus nas duas maiores cidades de Mato Grosso.
O tema vem sendo discutido desde a última sexta-feira (19), quando o Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com ação pedindo que fosse o lockdown nas duas cidades. Nesta segunda-feira (22), no entanto, após reunião com membros do Poder Judiciário, chegou-se á conclusão de que medidas mais restritivas serão tomadas mas que, ao menos por enquanto, o fechamento total do comércio está descartado.
Conforme o documento enviado pelo Sindimed às duas prefeituras, o sistema de saúde está em colapso e os problemas enfrentados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que já não eram poucos antes da pandemia, agora expõem uma péssima estrutura, além da falta de profissionais e de condições de trabalho dignas.
Com o aumento exponencial de casos de Covid-19 na Baixada Cuiabana, os médicos teriam comunicado ao sindicato o esgotamento dos leitos de UTI na rede particular e a falta de materiais e medicamentos para garantia do atendimento à população, nos estabelecimentos públicos.
Nesse cenário, segundo representantes do Sindimed, as condições de trabalho dos profissionais são absolutamente precárias e colocam em risco toda a população. Além da falta de leitos, não existem medicamentos para sedação de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e que precisam permanecer intubados para sobreviver à falta de oxigênio provocada pelo comprometimento dos pulmões contaminados pela Covid-19.
A condição de impotência ante as circunstâncias, agrava-se pela sensação de constante risco de contágio, pela falta de equipamentos de proteção individuais adequados e em quantidade suficiente para todos os profissionais.
Segundo o Sindimed, a pandemia agravou o já constante adoecimento de servidores da saúde, mormente, pelas precárias condições de trabalho, ritmo de atendimentos e típico estresse provocado.
Mesmo para os profissionais de saúde diretamente envolvidos com os cuidados aos pacientes, o que se vê é que pouco se discute sobre as condições e organização do trabalho, prevalecendo, até o momento, protocolos com recomendação de medidas individuais (higiene e uso de equipamentos de proteção), fundamentais, mas insuficientes para o controle geral da disseminação e da exposição ao vírus.
Um claro exemplo disso, segundo o Sindimed, é que pacientes que buscam atendimentos nas unidades de saúde, e que são classificados como verde ou azul (não são urgentes, podendo esperar até 4 horas pelo atendimento), ficam no mesmo local em que pessoas com sintomas de Covid-19 estão aguardando atendimento.
É nesse ponto que se insere a importância da testagem em massa de todos os profissionais de forma sistemática e constante. Todas as medidas de proteção previstas no protocolo de manejo clínico do coronavírus, no Brasil, dizem respeito à biossegurança, mas há relatos de profissionais denunciando condições de trabalho precarizadas, higiene inadequada, jornadas extenuantes, falta de treinamento e, inclusive, insuficiência ou indisponibilidade de equipamentos de proteção, mesmo nos serviços de terapia intensiva.
Para o Sindimed, o lockdown se faz necessário para interromper o movimento da população, o que permite ganhar tempo e reduz a pressão no sistema de saúde.
A inadequada efetivação do isolamento, contraria o que afirmam especialistas e as medidas adotadas por praticamente todos os países, e coloca a população em risco. As medidas de flexibilização, como a abertura de shoppings e bares em Cuiabá e Várzea Grande, já mostram seus resultados, com números que não param de crescer.
O Sindimed ainda requer a instalação de hospitais de campanha, sugerindo-se a utilização de espaços públicos atualmente sem utilização a exemplo da Arena Pantanal.
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