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Uso obrigatório da máscara: as batalhas políticas e legais nos EUA
A epidemia de covid-19 nos Estados Unidos se agrava em um ritmo exponencial, apesar do qual governadores de alguns dos estados mais afetados resistem a determinar o uso obrigatório da máscara de proteção.
Autoridades sanitárias do país reportaram 78.000 novos casos ontem, segundo a base de dados administrada pela Universidade Johns Hopkins, centro de referência no tema. O número de pessoas internadas por causa do vírus encontra-se no nível mais alto desde 23 de abril, segundo o Projeto de Acompanhamento Covid.
A taxa de mortalidade, que caiu em maio e junho, aumenta desde a semana passada. A Flórida é o novo epicentro e registrou mais de 11.000 novos casos e 128 mortes apenas hoje. Ao mesmo tempo, a pandemia se estende a novas partes do país, avançando pelos estados de Idaho, Tennessee e Mississippi.
Kellyanne Conway, conselheira do presidente americano Donald Trump disse ontem que o motivo da queda do número de casos foi que o presidente já não dava informações diárias sobre a pandemia, e sugeriu que isto poderia ser retomado. “Os números de aprovação do presidente eram muito mais altos quando ele estava ali informando a todos diariamente sobre o coronavírus. Acho que o presidente deveria estar fazendo isso.”
As sessões informativas quase diárias do grupo de trabalho de Trump foram interrompidas no fim de abril, em meio a críticas crescentes às suas informações exageradas e inexatas sobre a resposta da saúde pública e à sua inclinação a recomendar tratamentos sem aval científico.
“Realmente, temos de nos reorganizar, fazer uma pausa”, disse Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos, ao líder do Facebook, Mark Zuckerberg, em videoconferência realizada nesta quinta-feira.
Volta atrás
Os estados foram confinados por áreas e vários deles omitiram pontos de controle epidemiológicos importantes antes de emitirem e divulgarem suas ordens para que a população permanecesse em casa, lembrou Fauci. Posteriormente, muitos foram obrigados a voltar atrás em seus planos de retomar as atividades, fechando bares, academias, cinemas, igrejas e lojas.
Prefeitos reagiram determinando o uso obrigatório da máscara de proteção. Mas na Geórgia, o governador Brian Kemp, republicano, recorreu à Justiça contra a prefeita da capital, Atlanta, por ter determinado a proteção facial. Sua queixa busca revogar não apenas a ordem de uso obrigatório da máscara mas também o retorno a um confinamento mais estrito imposto pela prefeita Keisha Bottoms, democrata.
Keisha, que deseja se tornar companheira de chapa de Joe Biden contra Donald Trump nas eleições de novembro, afirmou que a decisão de Kemp foi uma represália política. “Não acredito que tenha sido casualidade a queixa ter sido apresentada um dia depois de Trump ter visitado Atlanta e eu ter alertado que ele não estava usando máscara no Aeroporto Internacional Hartsfield Jackson e que isso violava a lei estadual”, disse à rede de TV CNN.
Conflitos semelhantes acontecem em outras partes do país. No conservador Texas, o governador Greg Abbott somente ordenou o uso de máscara em todo o estado após observar um aumento do número de casos, mas os comitês republicanos locais aprovaram moções de censura contra ele. Os líderes democratas de Houston, maior cidade do Texas, querem retomar o confinamento, mas o governador se nega a aceitar esta medida.
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