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China tem 68 novos casos de coronavírus — a pandemia pode voltar no país?

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Médico em Urumqi, na região de Xinjiang: região virou foco de novos casos de coronavírus na China (cnsphoto via Reuters/Reuters)

A China divulgou na manhã desta terça-feira, 28, que registrou o maior número de casos de coronavírus no mesmo dia desde abril. Foram 68 contágios nas 24 horas anteriores ao boletim desta madrugada.

É pouco perto dos mais de 20.000 casos diários registrados atualmente em países como Brasil e Estados Unidos, que estão no auge do contágio em alguma de suas regiões.

Mas as dezenas de novos casos na China foram o suficiente para ligar um alerta no país. Os números desta terça-feira são a quarta alta diária consecutiva. Na segunda-feira, 27, a China já havia batido recorde de novos casos desde abril, com 61 novos registros.

Ao todo, a China tem mais de 86.800 casos e mais de 4.600 mortes por coronavírus.Desde o fim de março, a China vem conseguindo segurar o contágio no país usando estratégias de testagem em massa da população e ampla adesão ao uso de máscaras.

Alguns novos surtos do vírus, ainda que pequenos, também vêm fazendo o governo ocasionalmente voltar a restringir a circulação de pessoas. Em julho, um pequeno novo surto em Pequim foi suficiente para fazer parte da quarentena voltar na cidade. O avanço, por ora, parece ter sido controlado na capital, e só dois novos casos foram registrados nesta terça-feira.

Mas o crescimento gradual dos contágios faz o país temer uma segunda onda do coronavírus, que poderia levar a novas quarentenas em massa na China e desacelerar a retomada da economia chinesa.

No caso deste novo surto das últimas semanas, investigações começam a concluir que o início veio da cidade portuária de Dalian, na província de Liaoning. A suspeita é que alguns casos tenham vindo de fora do país pelo porto e infectado cidadãos locais, que depois teriam viajado para outras partes da China e espalhado o vírus novamente.

O novo “epicentro chinês” do coronavírus

Além de Dalian, um dos focos nesta pequena nova “onda” de contágios é uma região chamada de Xinjiang, ou Sinquião. Dos 68 novos casos hoje, 57 foram na região, que também vem respondendo pela maior parte dos casos nos outros dias.

Xinjiang é uma região semi-desértica que faz fronteira com países como Índia, Rússia e o Tibet.

Cerca de 25 milhões de pessoas vivem na região. Uma parte significativa da população (pouco menos de 50%) é da chamada minoria uigur, que pratica a religião muçulmana, ao contrário do restante da China, e falam idioma semelhante ao turco.

A principal concentração de casos está na capital da região, Urumqi, onde vivem mais de 3 milhões de habitantes. O aumento de casos na região fez alguns bairros serem isolados, com paralisação do metrô e redução de voos.

Urumqi, maior cidade da região de Xinjiang: presença de muçulmanos da minoria uigur

Vista da cidade de Urumqi, maior de Xinjiang: presença de muçulmanos da minoria uigur (Sue-Lin Wong/File Photo/Reuters)

Xinjiang e a população uigur também viraram centro de debate na última década em meio a denúncias de abuso de poder chinês e uso de mão-de-obra uigur para trabalho em situação análoga à escravidão em campos de concentração modernos.

Parte dos trabalhadores estariam ainda sendo transferidos para fábricas em toda a China em situações de servidão, incluindo plantas de grandes marcas como Apple e Nike.

Na semana passada, um movimento de ativistas lançou um manifesto pedindo que empresas do Ocidente cortem laços com a exploração da minoria uigur. Ativistas também vêm manifestando preocupação sobre os impactos do coronavírus sobre essas minorias.

O governo dos Estados Unidos impôs neste mês sanções a oficiais chineses pela situação com os uigures. O governo chinês afirma que a população pobre da região é levada a centros de formação profissional.

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