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Em discurso na ONU, Araújo defende ‘esforços de nações individuais’ contra Covid-19

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Chanceler afirmou que ‘a dignidade humana requer liberdade tanto quanto requer saúde e oportunidades econômicas’.

Ernesto Araújo mandou mensagem gravada para sessão especial da Assembleia da ONU sobre o coronavírus — Foto: Reprodução/Youtube/Itamaraty.

O chanceler Ernesto Araújo representou o Brasil, segundo país com mais mortes por Covid-19 no mundo, na sessão especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas sobre o coronavírus.

Ele enviou uma mensagem em vídeo apresentada na noite desta quinta-feira (3). Na fala, ele deu ênfase à defesa de medidas “individuais” das nações no combate à pandemia.

A crise deve ser encarada sem “abandonar os princípios fundamentais desta organização” que “deve se basear nos esforços de nações individuais atuando de forma concertada”, discursou. Ele defendeu que a ONU deve funcionar como uma plataforma para que os países compartilhem suas experiências e práticas. “Não existe uma solução única para todos”, disse.

Segundo Araújo, os paises não devem transferir responsabilidades nacionais para um nível internacional por causa de “clichês” como “crises globais precisam de soluções globais”.

OMS

Araújo ainda disse haver deficiências na Organização Mundial da Saúde (OMS), porém sem citá-las especificamente. “Embora reconheçamos o mandato da OMS na pandemia, também identificamos deficiências críticas nessa organização, que devem ser resolvidas o mais rápido possível. A Covid-19 deve levar a melhores instituições multlaterais.

Araújo enumerou medidas do governo brasileiro em meio à pandemia, como a concessão do auxílio emergencial, e frisou que essas não foram iniciativas de organismos multilaterais.

O fato de o Brasil estar atrás apenas dos EUA em número de mortes por Covid-19, assim como a defesa do uso da cloroquina no seu combate, apesar de sua ineficácia contra essa doença ter sido constatada pela ciência, não foram abordados na fala de Araújo.

Indígenas

O ministro das Relações Exteriores disse em sua mensagem aos 192 membros da ONU que “medidas especiais foram adotadas para proteger os grupos vulneráveis, especialmente nossa população indígena”. “”Adotamos oportunamente uma estratégia nacional com o objetivo de fortalecer os serviços, a prevenção e o controle da Covid-19 entre a população indígena, respeitando suas especificidades culturais e geográficas”, afirmou.

Araújo lembrou que o Brasil participa de iniciativas internacionais de desenvolvimento de vacinas, como Covax e Solidarity. O chanceler citou ainda como uma contribuição do Brasil a produção da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, porém sem citar a questão de se tratar de uma vacina de tecnologia chinesa, o que vinha sendo atacado pelo presidente Jair Bolsonaro.

“O Ministério da Saúde estima que a Bio-Manguinhos/Fiocruz e o Instituto Butantan, duas das maiores instituições públicas de pesquisa do Brasil, junto com empresas farmacêuticas nacionais que possuem convênios específicos com laboratórios estrangeiros, terão capacidade para produzir de 600 milhões a 800 milhões de doses até meados de 2021”, disse.

Segundo o chanceler, o Brasil poderá, com essa produção, colaborar com os esforços de imunização em sua região e em todo o mundo.

Araújo afirmou que o Brasil tem trabalhado em colaboração com países vizinhos, “especialmente com nossos parceiros do Prosul (bloco de integração regional formado com países vizinhos que tinham governos de direita na época de sua fundação)”, e de outras partes, para compartilhar aprendizado sobre a pandemia.

No final de sua mensagem, o chanceler citou que o Brasil investiu em políticas “voltadas para a família”, já que é parte da “Parceria para as Famílias, junto com Estados Unidos, Polônia e Hungria”.

O chefe da diplomacia brasileira encerrou dizendo que “liberdades fundamentais não são uma ideologia” e que “a dignidade humana requer liberdade tanto quanto requer saúde e oportunidades econômicas “.

“Aqueles que não gostam da liberdade sempre tentam se beneficiar dos momentos de crise para pregar o cerceamento da liberdade. Não caiamos nessa armadilha. O controle social totalitário não é o remédio para nenhuma crise”, arrematou.

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