Destaque
Cerca de 3,2 milhões de domicílios tiveram apenas renda do Auxílio Emergencial em outubro, aponta Ipea
Na comparação com setembro, houve queda de cerca de 1 milhão do número de domicílios dependentes exclusivamente da ajuda do governo.
Dados divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que, em outubro, 27,86% dos domicílios brasileiros não tiveram renda proveniente do trabalho e 4,75% contaram apenas com o Auxílio Emergencial, sem qualquer outra fonte de renda, o que corresponde a cerca de 3,25 milhões de famílias.
Na comparação com setembro, porém, diminuiu em aproximadamente 1 milhão o número de domicílios dependentes exclusivamente da ajuda emergencial do governo diante da pandemia do coronavírus, o que equivale uma queda de aproximadamente 1,25 ponto percentual.
“É a primeira queda mais substancial dessa proporção desde junho”, destacou o Ipea.
O cálculo foi feito pelo Ipea a partir dos microdados da Pnad-Covid, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho.
O Ipea destacou que a proporção de domicílios que sobreviveram apenas com o Auxílio Emergencial foi significativamente maior no Nordeste e alguns estados do Norte. No Amapá, por exemplo, essa proporção chegou 11,4% em outubro.
Os estados de Maranhão e Piauí também apresentaram proporção superior a 10% dos domicílios exclusivamente dependentes do auxílio.
Destaca-se a queda da proporção de domicílios exclusivamente dependentes do Auxílio Emergencial na Bahia, onde caiu de 12,7% em setembro para 7,3% em outubro”, enfatizou o órgão.
Rendimento efetivo correspondeu a 92,8% do habitual
A análise do Ipea apontou que, em outubro, os rendimentos médios da população brasileira corresponderam a 92,8% da renda média habitual.
Os rendimentos médios habitualmente recebidos foram de R$ 2.345, enquanto os efetivamente recebidos foram de R$ 2.175, valor 2,2 pontos percentuais (p.p.) acima do registrado no mês anterior.
O levantamento apontou que os trabalhadores por conta própria foram os mais atingidos pela queda de renda devido à pandemia, tendo recebido 83,2% do habitual, seguidos pelos empregadores, cujo rendimento efetivo foi 89,5% do habitual.
Os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam efetivamente 90,7% do habitual, enquanto os trabalhadores formais, com carteira assinada, receberam 96,4% do habitual.
Trabalhadores do setor público contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) receberam 97,9% do habitual. Entre militares e estatutários, esse percentual foi 98,5% , enquanto entre os trabalhadores informais do setor público, a renda efetiva foi 98,6% do habitual.
Impacto do Auxílio Emergencial
Com o pagamento do Auxílio Emergencial, a renda domiciliar média ficou 3% acima da que seria obtida apenas com os rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto do auxílio foi maior entre os domicílios de renda baixa nos quais o rendimento médio teve alta de 22% em relação ao habitual.
O Ipea ponderou, porém, que o aumento na renda domiciliar média provocado pelo auxílio foi R$ 100 menor em outubro, na comparação com setembro (R$ 292 contra R$ 392).
“Assim, mesmo com o aumento da renda do trabalho efetiva, a renda média total domiciliar caiu 1,8%, alcançando R$ 3.818 em outubro. Entre os domicílios de renda muito baixa, a queda foi de 6,8% (de R$ 1.177 para R$ 1.097)”, destacou o instituto.
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