Neste ano, a campanha completa 60 anos (veja detalhes abaixo). O lançamento também contou com uma mensagem do Papa Francisco alertando sobre “divisão, indiferença, ódio e violência” entre as nações.
“Somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal, que favoreça a nossa vida em sociedade. Por isso, lembro da necessidade de estender o nosso amor a todo o ser vivo, vencendo fronteiras e superando as barreiras da geografia e do espaço”, disse o Papa na mensagem.
De acordo com a CNBB, a campanha deste ano busca fazer um caminho quaresmal em três perspectivas:
- incentivar as pessoas a verem as situações de inimizade;
- impulsionar as pessoas a iluminar-se pelo Evangelho que as une como família;
- agir conforme a proposta da Quaresma de uma conversão constante, promovendo o esforço para uma mudança pessoal e comunitária.
“É desejo dos bispos que essa Campanha da Fraternidade seja curadora das nossas relações. Que nós aproveitemos o remédio da amizade social para curar as nossas relações crescendo e nos convertendo cada dia mais a fraternidade universal”, disse o padre Jean Paul Hansen.
Mensagem do Papa Francisco
Papa Francisco entrega sua tradicional mensagem Urbi et Orbi no Natal no Vaticano (foto de arquivo) — Foto: REUTERS
“Queridos irmãos e irmãs do Brasil, ao iniciarmos com jejum, penitencia e oração, a caminhada quaresmal, uno-me aos meus irmãos da CNBB num hino de ação de graças ao Altíssimo, pelo 60 anos da campanha da fraternidade. Um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno. Amor a Deus e amor ao próximo, especialmente, àquele mais fragilizado e necessitado de atenção. Esse percurso é proposto a cada ano à igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação.
Neste ano, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs”, os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a quaresma, um caminho de conversão, baseado na carta encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco.
Como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal, que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa casa comum, sem jamais perdermos de vista o céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas. Infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo. Por isso, lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses, de estender o nosso amor a todo o ser vivo, vencendo fronteiras e superando as barreiras da geografia e do espaço.
Desejo que a igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie as pessoas e comunidades desta querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo superando toda a divisão, indiferença, ódio e violência. Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, e como penhor de abundantes graças celestes, concedei de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal, a benção apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 25 de janeiro de 2024,
Festa litúrgica da conversão de São Paulo Apóstulo,
Franciscus”
O que é a Campanha da Fraternidade?
A Campanha da Fraternidade surgiu em 1964 como uma proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) à igreja Católica para celebrar a Quaresma. Além das orações e do jejum, o objetivo é “exercitar a caridade associada à reflexão e ação sobre um tema específico”.
Em 1964, o primeiro tema da Campanha da Fraternidade foi “Igreja em Renovação”. Depois, a cada ano, um novo assunto ligado foi designado para que os católicos pensassem e agissem.
Partilha, reconciliação, saúde, trabalho, justiça, família, esperança e até tráfico humano já foram tema. Em 2023, o problema da fome pautou as reflexões.
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