Centro-Oeste
Lojistas e passageiros sofrem com a demora para a reforma da Rodoviária Central do Gama
A obra iniciada há 2 anos afeta o lucro das pessoas que tentam vender no lugar
Uma obra com início em novembro de 2021, em um dos lugares mais movimentados do Gama, ainda não foi entregue. A rodoviária central se encontra com 75% das obras finalizadas de reforma, com a expectativa, segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), de ser entregue no segundo semestre deste ano. No entanto, passageiros confusos com a organização dos ônibus, e lojistas escanteados pelas obras clamam por um pouco mais de pressa.
Segundo a Semob, o prazo para a obra, iniciada em 21 de novembro de 2021, é de 3 anos, e se encontra dentro do cronograma. O principal objetivo com ela foi a ampliação, de modo que o terminal tenha duas plataformas de embarque e desembarque, uma dedicada a ônibus que rodam no Distrito Federal e outra para os que rodam pelo entorno.
Além dos ônibus que precisam se espremer no espaço que tem, os permissionários e lojistas, que precisaram ser realocados para a realização das obras, também tiveram de se virar num terreno muito menor ao que possuíam antes das obras. Foram todos empurrados para um módulo provisório, em que nem o movimento nem as condições de trabalho conseguem ser minimamente próximas às pregressas. O resultado é que quem se adaptou não lucra, quem não conseguiu já fechou.
É o que conta José Ribamar, lojista permissionário no terminal há 16 anos, e presidente da associação de permissionários. “Nós sofremos muito com a mudança. Ficávamos no centro da rodoviária, tanto os lojistas como as banquinhas, e, com a mudança, todo mundo sofreu e vem sofrendo”, diz. “Tem gente que passa aqui o dia todo e não vende nem o suficiente para colocar a gasolina no carro e voltar para casa.”
Segundo José, a expectativa em voltar ao antigo ponto é geral entre as pessoas que tiram o sustento da rodoviária. As reclamações mais comuns são de que o novo ponto não tem, um movimento suficiente que possibilite manter o comércio, além de ter fatores que afastam os clientes, como um chão desnivelado que impede o deslocamento de pessoas idosas e com comorbidades. Não raro, tombos e quedas são vistos no corredor abafado formado por lojas de um lado e tapume do outro.
Existem também reclamações acerca do tamanho das lojas cedidas, que, apesar de menores, custam o valor de lojas grandes. Estabelecimentos como o de José, que fornece seus serviços de relojoeiro em uma banquinha, não chegam a ser duramente afetados por esse fator, apesar de ele também sentir nas despesas as consequências da mudança. Mas, não raro, lojas tiveram de diminuir a diversificação e quantidade de produtos para maximizar o uso do pouco espaço que agora lhes cabe. Uma loja de roupas, além de ter que se adaptar pelo que fornece de calças e camisetas, precisou cortar também funcionários. De 7 foi para 2.
Foi esse também o caso de Renata Duarte, permissionária há 15 anos e que trabalha no ramo de eletrônicos e celulares. Segundo diz, em sua equipe haviam 6 funcionários, alocados em um espaço de 19m², e que hoje se tornaram 2, ela e o marido, em um estabelecimento apertado de 6m². “Nós não temos hoje geração de emprego e renda para ninguém, porque não tá dando para fazer isso”, diz. Sendo também secretária da Associação e lojistas, diz que, em média, o lucro de uma loja na rodoviária do Gama é de 5% do que costumava ser. “Essa condição a que estamos expostos é muito vulnerável. O governo poderia ter nos colocado em um lugar melhor, com mais acesso”, opina.
De acordo com a Companhia Brasileira de Soluções em Engenharia, empresa contratada pela Semob para realizar as obras, a primeira etapa, de duas, da obra está concluída, possibilitando a mudança dos permissionários do módulo provisório para o terminal concluído e reformado. Após isso, os permissionários da segunda etapa irão mudar para o módulo provisório e somente após essa alocação, a segunda etapa será iniciada.
Ainda segundo a empresa, as chuvas torrenciais dos últimos dias dificultaram o andamento das obras, bem como a idade avançada da estrutura da rodoviária que teria trazido várias “surpresas” durante a execução das atividades.
De acordo com a Semob, os serviços restantes para entregar as obras consistem na finalização de um terço da cobertura e os módulos restantes com banheiros, salas administrativas, pavimento rígido, piso e redes de água, elétrica, esgoto e águas pluviais. O GDF está investindo R$8,360 milhões na reforma do Terminal Rodoviário Gama Centro.
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