Brasil
De olho em candidatura em 2026, governador de Goiás se reúne com marqueteiros e empresas de pesquisa
Nas últimas semanas, o desejo de Caiado de representar a oposição bolsonarista se converteu em atuação objetiva
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), se movimenta para viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2026. Nas últimas semanas, o desejo já manifestado de representar a oposição bolsonarista ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva se converteu em atuação objetiva, com acenos à direita e conversas de bastidores. Como obstáculo, ele enfrenta uma resistência nada simples: a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O maior exemplo de gesto ideológico foi a ida a Israel, na semana passada — uma forma de se contrapor a Lula no embate do petista com o governo daquele país sobre o conflito em Gaza. Em fevereiro, também chamou atenção a presença de Caiado no ato da Avenida Paulista em que Bolsonaro buscou demonstrar força política enquanto era cercado pelas investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado.
Além das aparições públicas, Caiado vem marcando conversas reservadas com profissionais do marketing político e de empresas de pesquisa a fim de entender a conjuntura e balizar a empreitada eleitoral. O principal articulador é o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, vice-presidente do União Brasil, que já sondou um marqueteiro com experiência em campanhas presidenciais e estaduais.
“Pré-candidato de oposição não pode se dar o luxo de começar a campanha no ano eleitoral. Tem que discutir os temas que estão preocupando os brasileiros. O governo está errando muito”, disse Caiado ao GLOBO.
“primeiro da fila”
Segundo Caiado, a conversa com o dirigente Valdemar Costa Neto sobre a ida para o PL se deu num momento em que o União Brasil estava fragilizado pelas brigas internas. Agora, diz, a tendência de pacificação e a chance de formar uma federação com PP e Republicanos transformam o partido em um ator forte para 2026. Ele prega uma “construção” com a sigla de Bolsonaro e assume que, para se viabilizar na disputa, precisa do apoio do ex-presidente, como tem deixado claro a interlocutores.
Na visita a Israel, Caiado e Tarcísio se reuniram com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e com o presidente Isaac Herzog. O convite para conhecer o país judaico serviu aos governadores como forma de se opor a Lula, que teve brigas públicas com o governo israelense por causa dos ataques a Gaza, comparados pelo presidente brasileiro ao que Adolf Hitler fez com os judeus.
Se o plano de viabilizar a candidatura for bem sucedido, Caiado pode vir a enfrentar Lula mais uma vez depois de 30 anos. Em 1989, quando Fernando Collor venceu a primeira eleição direta após a ditadura, os dois estiveram nas urnas. Na ocasião, o petista foi para o segundo turno, enquanto o goiano, à época expoente da União Democrática Ruralista (UDR) e candidato pelo antigo PSD, ficou em décimo.
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