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Operação militar trará porta-aviões nuclear dos EUA para visita ao Brasil; entenda
Embarcação militar, que esteve pela última vez no país em 2015, tem capacidade para tripulação de seis mil pessoas e pode carregar dezenas de aeronaves
O porta-aviões de propulsão nuclear USS George Washington será enviado ao continente sul-americano nos próximos meses, como parte da operação Southern Seas (Mares do Sul) 2024, anunciada na última sexta-feira, 8. A embarcação esteve pela última vez no país há nove anos, em 2015, em outra edição da mesma operação, que visa incentivar a cooperação militar com os países da região, segundo o anúncio.
As autoridades americanas afirmam que serão realizados exercícios de passagem e operações no mar com as forças militares dos países sul-americanos. Visitas e intercâmbios entre oficiais também devem ocorrer.
Junto com o porta-aviões, a Marinha americana envia também para a região o destróier de mísseis guiados USS Porter e um navio-tanque de reabastecimento. Segundo a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o porta-aviões deve visitar apenas o porto do Rio de Janeiro durante a sua passagem pelo litoral brasileiro.
“O Southern Seas 2024 contará com intercâmbios de especialistas e proporcionará aos visitantes das nações parceiras a oportunidade de ver de perto as operações dos porta-aviões. Estão planejados compromissos com Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai, com visitas a portos planejados para o Brasil, Chile e Peru”, disse a embaixada por meio de nota.
“A Southern Seas 2024 proporcionará a oportunidade de melhorar a interoperabilidade e aumentar a proficiência com as forças marítimas das nações parceiras (…) Implantações como a Southern Seas fortalecem as parcerias marítimas e criam confiança com nossos parceiros na região”, disse o contra-Almirante Jim Aiken, sobre a operação deste ano.
Lançado em 1990, o USS George Washinton tem 333 metros de comprimento e dois reatores nucleares, além de motores a diesel e turbinas a vapor. A embarcação pode levar uma tripulação de mais de seis mil pessoas e cerca de 90 aeronaves, entre aviões e helicópteros. A operação Southern Seas 2024 fica sob responsabilidade da 4ª Frota da Marinha americana, subordinada ao Comando Sul dos Estados Unidos, responsável por ações militares no continente.
“Eventos como a operação Southern Seas 2024 são tanto algo rotineiro como também refletem questões geopolíticas e militares de cunho global e regional”, disse o professor Augusto Teixeira, do curso de Relações Internacionais da UFPB — Entre os aspectos da avaliação do ambiente estratégico expressos pela liderança do Comando Sul dos Estados Unidos, está a leitura de que a América Latina e Caribe são um espaço contestado por potências como China, Rússia e Irã.
No mesmo dia do anúncio da Southern Seas 2024, a mulher à frente do Comando Sul dos EUA, a general Laura Richardson, realizou uma visita à Argentina e se encontrou com o presidente Javier Milei. Além da doação de uma aeronave de transporte C-130H Hercules, foi anunciada pelo líder argentino, que viajou ao Ushuaia para o encontro com a militar, a construção de uma base naval integrada entre os dois países.
“Não se pode negar que (o Southern Seas) seja uma espécie de resposta dos EUA à crescente presença chinesa na América do Sul”, diz o coronel da reserva Paulo Filho, mestre em Ciências Militares, que cita ainda o recente anúncio da construção de uma base americana na Argentina como mais um exemplo de ação americana frente aos chineses — A instalação chinesa de Neuquén, uma base de observação espacial com acesso restrito aos argentinos, sempre causou incômodo aos norte-americanos.
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