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Tanques israelenses avançam no campo de refugiados de Jabaliya

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Egito diz que apoiará África do Sul em acusação de genocídio de Israel

Os tanques israelenses avançaram, nesta segunda-feira (13), no campo de refugiados de Jabaliya, no Norte da Faixa de Gaza, mostram os residentes e os meios de comunicação ligados ao Hamas.

Em Rafah, ao Sul do enclave, perto da fronteira com o Egito, as forças israelitas intensificaram os bombardeamentos aéreos e terrestres nas zonas orientais da cidade.

Segundo a Reuters, os tanques tentavam avançar em direção ao centro do campo. As tropas israelenses teriam forçado centenas de palestinos alojados em abrigos a abandonar o local.

Segundo a Al Jazeera, as forças israelenses estão disparando contra ambulâncias que tentam chegar aos feridos, enquanto os ataques aéreos israelenses atingem áreas residenciais apinhadas, no interior do campo de refugiados. Há o registro de vários mortos e feridos. Jabaliya é o maior dos oito campos de refugiados da Faixa de Gaza – que datam da guerra de 1948, quando Israel foi fundado.

No sábado (11), o exército israelense emitiu ordens de evacuação para os residentes de Jabaliya, pedindo que abandonassem o local “imediatamente”, uma vez que as suas forças tentavam eliminar militantes do Hamas.

“Estavam bombardeando por todo lado, incluindo perto de escolas que acolhiam pessoas que perderam as suas casas”, afirmou no domingo (12) à Reuters um residente em Jabaliya. “A guerra está recomeçando, é assim que parece em Jabaliya”.

O braço armado do Hamas afirmou que os seus combatentes estavam envolvidos em tiroteios com as forças israelitas em Rafah e em Jabaliya.

Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, Israel intensificou os bombardeios aéreos e terrestres no leste da cidade, matando pessoas em um ataque aéreo a uma residência.

Os moradores afirmaram que os tanques israelenses estão agora estacionados a leste da estrada de Salahuddin, que corta a parte oriental da cidade, com a rodovia cortada por intensos combates. Os residentes acrescentaram que a parte oriental de Rafah continua a ser uma “cidade fantasma”.

Em Israel, as Forças de Defesa fizeram soar as sirenes várias vezes em áreas próximas de Gaza, alertando para potenciais lançamentos transfronteiriços de foguetes e morteiros do Hamas.

O exército enviou tanques de volta a Zeitoun, bem como a Al-Sabra, onde os moradores também relataram ataques que destruíram várias habitações.

Na cidade de Rafah, no Sul do país, vivem 1,4 milhão de palestinos, a maioria dos quais deslocados devido aos bombardeios e aos combates.

A operação militar de Israel em Gaza já matou pelo menos 35 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Os bombardeios devastaram o enclave e provocaram uma profunda crise humanitária.

Deslocamento forçado

“As autoridades israelenses continuam a emitir ordens de deslocamento forçado (…). Isto está forçando os residentes de Rafah a fugir para qualquer lado”, escreveu o chefe da agência da Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa), Philippe Lazzarini, na rede social X.

“Falar de zonas seguras é um erro”, acrescentou. “Falar de zonas seguras é falso e enganador. Nenhum lugar é seguro em Gaza”, escreveu.

A guerra foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas, no Sul de Israel em 7 de outubro, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e mais de 250  foram feitas reféns, de acordo com os registros israelenses.

Segundo Israel, 620 soldados foram mortos nos combates, mais de metade dos quais durante o ataque inicial do Hamas.

Oposição dos EUA

O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, avisou no domingo que Israel se arriscava a enfrentar uma insurreição em Gaza sem um plano de pós-guerra para o enclave.

Blinken manifestou ao ministro da Defesa israelense o “firme compromisso” dos EUA com a segurança de Israel, mas expressou oposição à operação militar terrestre em Rafah, na Faixa de Gaza.

Durante uma conversa telefônica entre Blinken e o responsável pela Defesa de Israel, Yoav Gallant, foram discutidas a situação na Faixa de Gaza, “os esforços em curso para garantir a libertação dos reféns” e o objetivo comum de derrotar o movimento islamita palestino Hamas.

Uma vasta operação em Rafah correria o risco de criar “caos”, “anarquia” e “enormes danos” para a população civil “sem resolver o problema do Hamas”, alertou ainda Antony Blinken.

No entanto, o secretário de Estado norte-americano reafirmou a “oposição dos Estados Unidos a uma grande operação militar terrestre” na zona sul de Rafah.

Blinken sublinhou a necessidade de “proteger os civis e os trabalhadores humanitários” na Faixa de Gaza e instou Gallant a garantir que a assistência humanitária possa chegar ao enclave e ser distribuída enquanto Israel persegue o Hamas.

Egito e África do Sul

O Egito anunciou a sua intenção de apoiar formalmente o caso da África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que alega genocídio por parte de Israel na guerra em Gaza.

Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Egito declarou no domingo que a sua decisão de apoiar o processo “é tomada à luz do agravamento da gravidade e do alcance dos ataques israelitas contra civis palestinos na Faixa de Gaza e da perpetração contínua de práticas sistemáticas contra o povo palestino”, sublinha a nota.”.

“O Egito anuncia a intenção de intervir formalmente para apoiar o processo da África do Sul contra Israel perante o TIJ para investigar as violações de Israel ao abrigo da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio na Faixa de Gaza.”

Com este anúncio, o Egito marca um ponto de virada nas suas relações com Israel desde o início do conflito em Gaza.

A África do Sul apresentou o seu caso ao TIJ em dezembro, pedindo ao tribunal da ONU que ordenasse a Israel que suspendesse as suas operações militares em Gaza. Israel negou as alegações apresentadas pela África do Sul.

O Hamas manifestou o seu “apreço” ao Egito em um comunicado de domingo à noite, apelando a “todos os países do mundo para que tomem medidas semelhantes de apoio à causa palestina, juntando-se ao processo”.

Por Cristina Sambado – Repórter da RTP* – RAFAH

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