Economia
12,5% dos escritórios de alto padrão projetados para 2024 foram entregues, diz pesquisa
Juros altos e pandemia estão entre culpados apontados por especialista
A poucos dias de iniciar o último trimestre do ano, apenas pouco mais de um décimo dos escritórios de alto padrão previstos para 2024 foram entregues, de acordo com dados compilados pelo Sistema de Informação Imobiliária Latino-Americana (SiiLA), cedidos com exclusividade à CNN.
Até o 2º trimestre, foram entregues 59 mil m². Ao considerar os meses de julho e meados de agosto, a soma chegou ao patamar de 66,3 mil m² — ou 12,5% do 531 mil m² projetados inicialmente —, correspondentes à dez imóveis.
Os dados foram levantados em pesquisas de campo, busca em cartórios e outros órgãos públicos, entrevistas com proprietários, desenvolvedores e inquilinos.
Os números levantados pela empresa desde 2018 mostram que as projeções sempre ficaram acima do número de escritórios entregues de fato. Porém, a discrepância vista esse ano é de longe a maior.
Ao final de 2023, 88,7% das lajes corporativas projetadas para aquele ano foram entregues. A SiiLa alerta em seu relatório que as “construtoras e desenvolvedoras de empreendimentos corporativos terão de acelerar seus projetos, ou elas adiarão a conclusão e entrega do estoque para 2025”.
De acordo com Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA, a previsão é de que sejam entregues neste ano outros nove imóveis, totalizando 261,4 mil m².
Em resumo, Nicastro aponta a baixa procura e os juros — atualmente em 10,5% ao ano — como culpados pela demora a falta de liquidez.
“Quando você tem os juros muito altos, custo do material de construção e de mão de obra em alta e baixa procura pelos espaços corporativos, se forma o que chamamos de ‘tempestade perfeita negativa’”, diz o CEO da SiiLA.
Além do crédito caro, Nicastro aponta que efeitos da pandemia ainda impactam o segmento de lajes corporativas, uma vez que escritórios ainda não voltaram a ser totalmente ocupados após o movimento de home office.
“A taxa de vacância está baixando lentamente, há ainda um número alto de escritórios vazios”.
ntamento da empresa, 177 mil m² previstos a princípio para este ano, divididos em oito imóveis, deverão ser entregues em 2025.
Outros 26,2 mil m², correspondentes a dois imóveis, estão embargados e não tem previsão de entrega.
“Algumas empresas estão desacelerando e tentando postergar a entrega para o próximo ano para não acumular muitas entregas de uma vez, já que quando você entrega o empreendimento, começa a ter cobranças de condomínio e IPTU, por exemplo”, explica Nicastro.
Diante desse cenário, o CEO da SiiLA aponta que há prejuízos relacionados ao atraso da entrega dos empreendimentos.
Apesar de não poder estimar um valor específico, ele explica que ao comprar um terreno, o dinheiro investido é um custo que o investidor vai carregar pelo período de desenvolvimento do imóvel.
“Conforme o tempo passa e o projeto não é entregue, esse custo inicial é impactado pelos juros e desvalorização/inflação do período, além de possíveis despesas de manutenção entre outros. Do outro lado deste jogo tem o custo também de se entregar um empreendimento no qual acredita-se que não haverá uma demanda para ele”, pontua Nicastro.
“Por isso, há empresas que podem avaliar entre o custo de manter uma obra paralisada e o custo de entregar um empreendimento em uma região com alta vacância na qual acredita-se que o imóvel poderá ficar sem inquilinos por um longo período. E, em alguns casos, a paralisação da obra acaba sendo vista por empresas como um ‘ônus menor’”, conclui.
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