Centro-Oeste
Pontão do Lago Sul recebe 7ª edição do Festival Brasília sobre Rodas
A 7ª edição do evento no Lago Sul, com entrada gratuita, é prato cheio para fãs de automóveis, com exposições de veículos de diversas épocas e atividades interativas para públicos de todas as idades
Há quem diga que carros clássicos não transitam, desfilam. E para muitos é correto afirmar que são dignos de admiração, como propõe a 7ª edição do Festival Brasília sobre Rodas. A exposição, que começa hoje, vai até domingo no Pontão do Lago Sul. Prato cheio para os fãs de automóveis, o evento gratuito terá mostra de veículos de diversas épocas, além de atividades interativas e atrações musicais para receber o público. João Coqueiro e seu filho João Victor Coqueiro são os organizadores do encontro. Eles estiveram no Podcast do Correio e falaram sobre o que prepararam para o público.
“Vamos ter carros desde 1929 até os anos 1980. As pessoas vão encontrar uma exposição muito exclusiva, algo que é raro de se ver. Sempre tentamos reviver essa memória de Brasília dos carros, então vamos contar a história da cidade em relação ao automobilismo, com apoio do Centro de Documentação do Correio Braziliense (Cedoc). Vai ter oficina para crianças, música com participação do Batalhão da Guarda Presidencial. Tem atração para a família inteira em um evento gratuito”, explicou João Victor.
Família, inclusive, é um mote importante para o Festival, segundo os organizadores. O compromisso é parte da herança de princípios deixada por Seu Coqueiro, o avô e patriarca da família. De pai para filho e depois para o neto, os dois descendentes afirmam que o evento pretende, também, manter vivo o “espírito da gasolina” presente na história do DF.
Legado
“Eu encho muito a bola do meu pai e dos outros pioneiros, que vieram para cá lutar e começaram o automobilismo. Essa história não é minha, é dos brasilienses. Então, esse momento de encontro é pela tradição de Brasília. Vem desde meu pai, meu irmão mais velho, eu, meu filho e essa galera mais nova, todos com o amor pelo automobilismo. Nosso projeto é constituído por brasilienses, para brasilienses. O Festival é um sonho que a gente alimenta há mais de 60 anos, de um legado que o meu pai deixou para nossa família junto com nossos amigos”, comentou João Coqueiro.
Para fazer a festa dos apaixonados por carros, a forma de reunir o que tem de mais antigo e de mais raro, quando o assunto é veículos no Brasil, foi aproveitar a influência do antigo idealizador e entrar em contato com velhos conhecidos. Por isso, a exposição terá itens de colecionadores veteranos, com 98 anos, e da garotada de 18, misturando gostos e estilos variados.
“Vamos ter carros muito exclusivos, Cadillacs e Hot Rods — que são customizados, feitos em oficinas especializadas, nos Estados Unidos. Posso dizer que o meu predileto, e acho que de muita gente também, é o Ford GT40, do expositor Paulo Afonso. É um ícone, um carro que conseguiu bater a Ferrari na corrida de Le Mans. Para mim, que sou piloto, gosto de velocidade e de um carro antigo, é a combinação perfeita”, contou João Victor.
O festival também trará modelos atuais de Ferraris e Lamborghinis e motos, das clássicas às modernas. Mas, a prioridade são os automóveis antigos, que terão as histórias contadas com jornais da época, disponibilizados pelo Cedoc do Correio Braziliense. Além disso, pilotos da velha guarda candanga serão homenageados.
Autódromo
Antes do Festival Brasília sobre Rodas, o Distrito Federal foi palco para os principais veículos do mundo. Há 50 anos, o Autódromo, atualmente batizado como Nelson Piquet — em homenagem ao campeão mundial de Fórmula 1 — viu carros dessa categoria na pista, para uma disputal inaugurural. Com 14 anos à época, João Coqueiro esteva entre os espectadores daquele 3 de fevereiro de 1974.
“Antes mesmo da inauguração, um ano antes, eu roubei o Opala do meu pai e fui para lá (pilotar). O autódromo estava sem asfalto, era terra, mas demos (com amigos) uma volta. O autódromo faz parte da nossa geração. Estive, lá, na primeira corrida. Nós pegamos a Veraneio que meu pai também tinha e todos vimos a corrida em cima dela. Aquele lugar virou uma tradição, formou vários pilotos e deixou uma marca na nossa cidade”, relembrou.
A pista de corridas do DF está fechado há 10 anos para reformas e segue sem previsão de abertura. Quando houver a reinauguração, João Coqueiro acredita que o local será ideal para promover a retomada do amor pelo automobilismo na região e colaborar com o entretenimento geral. O espaço servirá, em sua análise, para receber eventos diversos e depois até grandes torneios mundiais automobilísticos.
“Não podemos admitir o autódromo parado há anos. Fico muito triste porque imagina quantas pessoas a gente podia ter lá dentro preparando uma nova geração (de pilotos)? Não temos mais automobilismo, mesmo sendo uma cidade que ama a velocidade. Aqui é um dos maiores celeiros de talentos de pilotos do mundo. A cidade foi concebida na adrenalina da velocidade, até porque, no início, não tínhamos uma vida cultural. O que tínhamos eram as pistas. Então, acho que temos, na nossa história, o suficiente para estar no topo. Brasília pode voltar a ser a capital do automobilismo”, opinou.
Futuro
Com experiência de ter sido piloto de kart, João Victor acredita que o Brasil tem bons nomes para sonhar com um lugar no grid da Fórmula 1, no futuro, mas faltam investimentos.
“Temos excelentes pilotos no cenário internacional. Tem o Felipe Drugovich, que correu comigo, (além de) Gabriel Bortoleto, Caio Collet, Sérgio Sette Câmara. Podemos voltar a ter um grande nome, mas precisamos de apoio. Temos ótimos campeonatos, a maioria em São Paulo, que formam grandes pilotos em questão de nível técnico, mas, atualmente, o lado financeiro pesa muito”, opinou.
Para o pai, a opção é descentralizar o automobilismo, ampliando o número de grandes torneios pelo país, e desenvolver melhor a base do kart. “Os kartódromos são a escola do automobilismo, mas atualmente estão muito caros. Se não abaixar (os custos), se não houver conscientização dos dirigentes, vai ficar difícil fazer novos talentos. O esporte é caro, então tem de dar mais condições para que o piloto não se afaste. O dinheiro não pode falar mais alto que o talento”, diz João Coqueiro.
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