Economia
Haddad cancela viagem à Europa em meio a debate sobre corte de gastos
Decisão ocorre conforme cresce a desconfiança por parte do mercado com o compromisso fiscal do governo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem que faria para a Europa nesta semana. De acordo com um comunicado oficial da Pasta, divulgado neste domingo (3), Haddad permanecerá em Brasília para se dedicar aos “temas domésticos”.
O pedido para que o ministro continuasse no Brasil veio do próprio presidente Lula.
A decisão ocorre em meio a crescente desconfiança por parte do mercado com o compromisso fiscal do governo, assim como a pressão por um anúncio de medidas para revisar os gastos públicos.
Inicialmente, a expectativa era de que o ministro iniciasse as agendas na França, na terça-feira (5). Depois de Paris, Haddad seguiria para Londres, Berlim e encerraria a viagem em Bruxelas. O retorno para o Brasil estava previsto para ocorrer no próximo sábado (9).
O pessimismo sobre a agenda do governo para o corte de gastos se elevou, já que existia a expectativa de que um pacote fosse apresentado após as eleições municipais.
Na última semana, o próprio ministro da Fazenda afirmou que houve entendimento entre a equipe econômica e a Casa Civil sobre as medidas. Em outra frente, a ministra do planejamento, Simone Tebet, disse que o governo deve apresentar um pacote “consistente” de revisão de gastos em novembro.
Ainda assim, não foram detalhadas quais seriam essas medidas e nem estabelecida uma data para o anúncios, o que frustrou o mercado.
Risco fiscal e câmbio
O aumento das incertezas tem sido um dos principais fatores para a alta do dólar. A moeda americana fechou a última semana cotada a R$ 5,86, sendo maior patamar desde maio de 2020.
A avaliação dos economistas é de que a pressão cambial deve afetar a inflação e dificultar o trabalho do Banco Central (BC) em cumprir as metas estabelecidas para o índice de preços.
No último Boletim Focus, relatório do BC que capta as projeções do mercado sobre a economia, a expectativa era de que o dólar encerrasse o ano cotado a R$ 5,45. Contudo, economistas esperam novas altas no documento que será divulgado nesta segunda-feira (4).
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