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Quedas de árvores colocam DF em alerta na estação das chuvas

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Somente este ano, a capital registrou 98 ocorrências dessa natureza, de acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Especialista aponta que solo raso e presença de espécies exóticas agravam o problema

O Distrito Federal está em alerta após recentes casos de quedas de árvores durante o período chuvoso. A situação preocupa os moradores, pois somente este ano, a capital registrou mais de 100 ocorrências dessa natureza, de acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O número, no entanto, ainda é menor em relação ao registrado no ano passado, quando houve 134 casos desse tipo, entre janeiro e outubro.

As causas das quedas são variadas, conforme a Novacap. Entre os principais fatores estão os ataques de pragas, que danificam as raízes e o tronco. Além disso, o encharcamento do solo durante as chuvas afeta a estabilidade da vegetação, aumentando o risco de quedas. O Plano Piloto é considerado uma das regiões mais críticas, por concentrar espécies antigas e de grande porte que, no caso de ventos fortes e chuvas intensas, apresentam maior potencial de queda.

A fim de reduzir o número de casos, a Companhia também realiza a substituição da vegetação menos adaptada ao Cerrado. “Nos últimos anos, grande parte das árvores plantadas no DF são espécies nativas, o que ajuda a minimizar os riscos, já que são mais resistentes e adequadas ao ambiente urbano da região”, disse a Novacap em nota.

Iury Araújo Azevedo, 19, morreu após ser atingido por um tronco, no Setor Militar Urbano
(foto: Reprodução/Redes sociais)

Problema complexo

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Meio Ambiente Saulo Rodrigues, as quedas são, em grande parte, resultado das características do solo de Brasília. “O clima seco do Cerrado contribui na formação de solos rasos. Essa característica aumenta a vulnerabilidade, pois as raízes encontram menos profundidade para se fixar” explicou.

Ele alertou que essa condição, combinada com a presença de árvores não nativas do Cerrado, aumenta o risco de quedas. “Algumas espécies, introduzidas durante a criação de Brasília, não se adaptaram ao bioma Cerrado. Suas raízes superficiais as tornam suscetíveis a quedas em eventos climáticos extremos, como fortes chuvas.”

Em vista disso, o especialista destacou a necessidade de revisões constantes e da criação de um catálogo para listar árvores suscetíveis à queda. “É fundamental realizar um inventário do Plano Piloto e das demais regiões administrativas. A avaliação, realizada por especialistas em botânica, permitirá identificar aquelas com raízes superficiais e tomar medidas preventivas”, pontuou.

Previna-se

O Corpo de Bombeiros Militar do DF (CBMDF) reforça que a primeira medida de proteção contra esse tipo de evento parte da própria população. Os cidadãos devem estar atentos a árvores visivelmente em condições de queda.”Principalmente em períodos de ventos fortes, mesmo troncos aparentemente saudáveis podem cair, causando danos a veículos e até atingir alguém”, explicou o tenente Anderson Ventura, do Grupamento de Proteção Ambiental (GPRAM).

O protocolo utilizado pelo Corpo de Bombeiros na classificação de risco traz alguns sinais importantes a serem observados pela população. “Árvores com inclinação maior do que 30 graus, com raízes expostas ou que tenham tido mais de 30% do seu tronco principal comprometido por fogo, por insetos, fungos ou qualquer outro dano têm grande probabilidade de cair. Não hesite em chamar o Corpo de Bombeiros. Nossa equipe especializada irá avaliar a situação e tomar as medidas necessárias para garantir sua segurança”, pontuou Ventura.

Casos recentes

Recentemente, a população do DF foi impactada por dois casos trágicos de queda de árvores. No mais grave deles, ocorrido em outubro deste ano, um soldado morreu, após ser atingido por um tronco, no Setor Militar Urbano (SMU). Iury Araújo Azevedo, de 19 anos, havia ingressado no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília em março deste ano e deixou um filho. Um colega do jovem, que também estava no local, ficou ferido e foi levado ao Hospital das Forças Armadas (HFA).

Em nota, o Comando Militar do Planalto (CMP) lamentou a morte do soldado. “Era um militar exemplar e serviu ao Exército Brasileiro com bravura e dedicação. Sua perda é irreparável a sua família, amigos e companheiros de farda.”

Em outro incidente ocorrido na terça-feira, uma árvore caiu sobre dois veículos estacionados em frente à Escola Classe 403 Norte. De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMDF), ninguém se feriu. A Novacap foi acionada para retirar a árvore e fazer a limpeza do local.

Funcionários da Novacap estiveram no local e falaram ao Correio que a poda da árvore estava em dia, e ela não apontava nenhum sinal de queda.

Cuidado!

Diante do aumento de casos, a Novacap reforçou ações preventivas e de monitoramento para reduzir riscos em áreas urbanas, especialmente no Plano Piloto, área de maior risco em todo o DF. Em nota, o órgão informou que o monitoramento é realizado de forma contínua e inicia-se a partir de solicitações da população por meio do Portal do Cidadão (portalcidadao.df.gov.br). Equipes técnicas são acionadas para vistoriar as árvores em áreas onde há suspeita de risco, verificando a presença de galhos secos e necessidade de podas preventivas.

Correio Braziliense

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