Centro-Oeste
Governo inicia o reparo de danos causados pelas chuvas no Sol Nascente
Moradores que tiveram casas invadidas por água, lama e sujeira lamentaram a perda de móveis, roupas e alimentos. GDF afirma que recuperação inclui novas bocas de lobo e ampliação do sistema de drenagem da chuva
No quintal de Odete Teodoro, por exemplo, acumulavam-se sapatos, documentos e destroços de uma mesa. A catadora de materiais recicláveis, de 47 anos, mora há cerca de nove meses no imóvel e disse estar desamparada diante dos estragos. “Era meia noite e pouco quando a água entrou com muita força em casa. Não deu tempo de salvar nada, porque a enxurrada já batia na minha cintura. Peguei meu filho, que está debilitado, e minha cachorra, e saí correndo”, relatou.
Odete conseguiu se abrigar na casa de dois pavimentos da vizinha. Durante a enxurrada, parte do muro dos fundos quebrou, e os bombeiros precisaram usar uma bomba injetora para reduzir a quantidade de água no local. “Eles (bombeiros) disseram que é muito arriscado permanecer na casa, principalmente quando chover. Mas não temos para onde ir e perdemos tudo”, lamentou.
Dentre as perdas, estão os cadernos e livros de Odete, que é estudante do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), em Ceilândia. “Tenho esperança de conseguir recuperar, ao menos, meus materiais escolares. Não quero desistir”, contou. Nos arredores da quadra 122 do Sol Nascente, onde ela e outros moradores foram prejudicados pela chuva, as ruas estão localizadas em descidas, mas há apenas duas bocas de lobo.
O autônomo Alan Michel, 33, também abriu sua casa para a reportagem e mostrou os estragos da chuva. Objetos, roupas e utensílios de cozinha foram colocados nas prateleiras mais altas dos móveis. Nos compartimentos mais baixos do guarda-roupa, sobrou apenas lama. “Foi desesperador. Já havia passado por momentos parecidos, mas nunca nessa intensidade”, destacou.
Ivan da Silva, 61, mora na Avenida P2 e presenciou o momento em que o asfalto foi quebrado pela enxurrada. Proprietário de uma borracharia, ele mora há quase 20 anos na região e revelou nunca ter visto uma situação semelhante no local.
“Os pedaços de asfalto flutuaram e formaram ondas de água, que ajudaram a arrastar cerca de oito carros durante a tempestade. Por sorte, ninguém se feriu”, contou. Apesar do temor com as próximas chuvas, Ivan tem expectativa de que, com a restauração do asfalto e as melhorias na captação de água, isso não volte a acontecer.
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