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Economia

Relatório do BC revela pico de incerteza entre economistas

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Expectativas de agentes do mercado financeiro sobre inflação e taxa de juros se tornaram dispersas diante de cenário fiscal desafiador

Os agentes do mercado têm estimativas cada vez mais divergentes sobre o futuro dos principais indicadores da economia brasileira. Essa realidade ficou evidente na divulgação das frequências do Relatório Focus, em que o Banco Central coleta as projeções dos analistas e dirigentes do setor financeiro. A falta de consenso — ou de algo que se aproxime de uma unanimidade — já é um indicativo de incerteza no cenário nacional.

“A incerteza é pior do que o cenário ruim. Quando há incerteza, o investidor não sabe o que fazer com o dinheiro e leva os investimentos para outro país. No caso das empresas, isso é ainda pior. Não há previsibilidade. Imagina o impacto de uma taxa básica de juros de 12% ao ano no planejamento. Agora, compare isso com uma Selic de 15%. Como fazer essa conta? “, indica Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Investimentos.

As divergências sobre a Selic

No fim de outubro, 90,4% dos economistas consultados pelo BC afirmaram que a Selic fecharia 2024 em algum patamar entre 11,25% ao ano e 11,75% ao ano. Um mês depois, essa taxa já caiu para 55,2% dos respondentes. O restante (43,4%) passou a apostar numa alta da taxa básica de juros, que ficaria numa banda de 11,75% a 12,25%

Para 2025, o cenário é parecido e há uma dispersão cada vez maior das projeções. No mês passado, metade dos agentes avaliava que a Selic acabaria o ano que vem numa faixa que iria de 10% a 11,25% ao ano. Agora, só 15% dos respondentes mantiveram essa mesma perspectiva. Três em cada dez (34,3%) apostam numa faixa 1,25 ponto percentual maior e 40,7% deles dizem que a Selic acabará o ano em algum patamar entre 11,5% e 13,75%.

Três cenários contribuem para a dispersão das estimativas, segundo Kawauti. Primeiro, a leitura realizada pelo mercado de que o governo não será capaz de controlar a trajetória da dívida pública — opinião impulsionada pelo mal-estar gerado com o anúncio de um pacote fiscal considerado tímido na semana passada. Em segundo lugar, ainda não está claro para os agentes econômicos qual será a postura do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que assume a autoridade monetária em janeiro.

Por último, ainda há a alta recente do dólar, que bateu R$ 6, chegando ao maior valor nominal da história da moeda brasileira com o risco de estacionar nessa faixa de preço.

“O que o Banco Central vai fazer diante de tanta incerteza, não dá para saber. Ele vai precisar ser muito duro para retornar as perspectivas ao patamar anterior”, diz a economista-chefe da Lifetime. Essa postura levaria ao aumento da taxa Selic, numa tentativa de esfriar a economia e diminuir a pressão inflacionária para o centro da meta, que no ano que vem é de 3%.

Mercado revisa estimativas para o IPCA

Nenhum dos economistas consultados pelo Banco Central avalia que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), vai terminar 2025 no patamar de 3% ao ano estipulado pelo Conselho Monetário Nacional.

Ainda assim, as opiniões também se espraiaram no último mês. Em outubro, mais de seis em cada dez respondentes diziam que o IPCA ficaria numa banda de 3,78% a 4,32%. Agora, pouco mais de um terço deles tem a mesma visão. Outros 34,9% preveem um intervalo de 4,32% a 4,86%; e 21,8% deles cravam que a inflação vai estourar o teto da meta, que é de 4,5% para o ano que vem.

“O mercado deu o benefício da dúvida ao governo no ano passado. Como ficamos só com indicações, sem nenhum compromisso de fato (de ajuste estrutural das contas públicas), cobra-se o preço”, afirma Marcela.

 

CNN

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