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Plano de oposicionista de voltar à Venezuela causa apreensão
Edmundo González se reuniu com Biden e com o conselheiro de Segurança Nacional de Trump
O candidato da oposição à presidência da Venezuela Edmundo González reafirmou na segunda-feira (6) em Washington que voltará para Caracas esta semana, apesar da ordem de prisão e da recompensa de US$ 100 mil por sua captura, oferecida pelo governo venezuelano. Ele se reuniu com o presidente Joe Biden e com Mike Waltz, indicado conselheiro de Segurança Nacional pelo presidente eleito Donald Trump.
A líder oposicionista María Corina Machado convocou para esta quinta-feira (9) uma manifestação contra a posse do presidente Nicolás Maduro, marcada para o dia seguinte. González tem dito que pretende ser empossado como o presidente efetivamente eleito no dia 28 de julho. A oposição venezuelana escaneou a maior parte das atas das urnas e as publicou na internet, atestando a vitória de González, apoiado por Machado, que a Justiça venezuelana, controlada pelo chavismo, impediu de se candidatar.
Em um comunicado sobre a reunião de meia hora, que não estava prevista na agenda, a Casa Branca afirmou que Biden “seguirá bem de perto as manifestações planejadas para 9 de janeiro na Venezuela”. E acrescentou que o presidente sublinhou que “se deve permitir que os venezuelanos expressem suas opiniões políticas de maneira pacífica e sem medo de represálias das Forças Armadas e da polícia”.
González publicou em sua página no X uma foto com ele ao lado de Waltz, dizendo que ambos conversaram “longamente”, e acrescentando: “Entre vários temas conversamos, em detalhe, sobre o protesto cívico dos venezuelanos, neste 9 de janeiro. Ele nos garantiu que os Estados Unidos, e o mundo, estarão alertas sobre o que acontecer em nosso país”.
Conversé largamente con el asesor de Seguridad Nacional, designado por el Presidente electo Donald Trump, Mike Waltz @michaelgwaltz.
Entre varios temas conversamos, con detalle, sobre la protesta cívica de los venezolanos, este 9 de enero. Nos garantizó que los Estados Unidos,… pic.twitter.com/pR1niShXBC
— Edmundo González (@EdmundoGU) January 6, 2025
No sábado (4), depois de receber González em Montevidéu, juntamente com o presidente, Luis Lacalle Pou, o chanceler Omar Paganini disse à CNN Brasil que o líder venezuelano reiterou que voltaria a Caracas. Paganini disse que González não detalhou seus planos e que ele e o presidente uruguaio não opinaram sobre essa decisão.
O chanceler reiterou que o Uruguai não reconhece a eleição de Maduro e sim a vitória da oposição. Sobre se essa posição pode mudar com a chegada ao governo do presidente eleito Yamandú Orsi, de esquerda, que tomará posse em 1º de março, Paganini respondeu que, durante a campanha, o candidato manteve silêncio sobre o tema.
Paganini também não quis comentar a posição adotada pelo presidente Lula, que não reconheceu a vitória nem de um nem de outro, mas deve enviar a embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, para representar o país na posse de Maduro. Mas o chanceler reiterou a posição clara do presidente uruguaio, que também criticou publicamente a recepção que Lula ofereceu a Maduro, com honras de chefe de Estado, na véspera da cúpula da América do Sul em maio de 2023.
Na época, o presidente brasileiro afirmou que a ideia de que a Venezuela era uma ditadura seria uma “narrativa construída”.
Antes de Montevidéu, González esteve com o presidente Javier Milei na Casa Rosada, em Buenos Aires. Ele viaja acompanhado de outro líder oposicionista, Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas. Ambos estão exilados em Madri. Tanto na capital argentina quanto na uruguaia, a visita atraiu venezuelanos exilados nos dois países, que foram manifestar apoio a ele.
O governo venezuelano rompeu nesta segunda-feira as relações diplomáticas com o Paraguai, como já havia feito com a Argentina e o Uruguai, por causa do reconhecimento da eleição de González. O presidente paraguaio, Santiago Peña, conversou por videoconferência com o líder oposicionista e manifestou seu apoio a ele.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, embora seja de esquerda, também reconhece a vitória da oposição. Boric também criticou publicamente o tratamento diferenciado dado por Lula a Maduro na véspera da cúpula de 2023.
Apesar de todas essas manifestações de apoio, a possível ida de González à Venezuela causa apreensão. O diplomata aposentado tem 75 anos de idade, e teme-se por sua segurança e saúde caso seja preso ao desembarcar no país.
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