Centro-Oeste
Economistas e consumidores dão dicas para driblar os preços altos
IBGE aponta encarecimento de produtos no DF. Maior impacto foi em alimentos e bebidas: aumento médio, em dezembro, de 1,18%
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no início deste mês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, que registrou aumento de 0,26% para bens e serviços oferecidos, no DF, em comparação a novembro. A alta ficou acumulada em 3,93%. Na capital federal, o maior impacto foi observado no grupo alimentação e bebidas, que subiu 1,18%, devido, principalmente, a um crescimento de 8,65% nos valores cobrados por carnes. Além desses itens, a gasolina também se destacou, com uma variação ascendente de 0,56 ponto percentual.
Nas prateleiras dos supermercados, é possível notar o encarecimento. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Brasília fechou o ano com a cesta básica custando R$743,19, total R$44 acima em comparação ao que custava em dezembro de 2023. Dados divulgados pela plataforma Cesta de Consumo Neogrid & FGV Ibre, porém, apontaram que, no mês anterior a janeiro de 2025, o Distrito Federal liderou o ranking da elevação da cesta, registrando alteração de 6,5%. O Correio ouviu economistas, que deram sugestões para evitar que as finanças sejam afetadas pela inflação. Também escutou alguns consumidores locais, que explicaram como estão lidando com o atual momento econômico.
Conforme informações do Dieese, que realiza o estudo em 17 capitais, a tendência para todos os produtos da cesta básica, ao longo de 12 meses, foi de elevação de preços. A situação, de acordo com a entidade, é atribuída a fatores como: instabilidade climática, exportações e desvalorização do real em relação ao dólar. Seis itens tiveram destaque nesse cenário: carne bovina de primeira, leite integral, arroz agulhinha, café em pó, banana e óleo de soja. Em Brasília, a variação no período analisado foi de 6,36%, e por isso é a 12° capital com a cesta mais cara.
Apesar do aumento, a alta no DF foi menor do que a média nacional, que sofreu crescimento de 0,52% em dezembro e 4,83% no ano inteiro. “Entre os nove grupos que compõem o IPCA, tiveram papel fundamental os grupos da Habitação e Transportes, que representam mais de 30% do total. Como suas variações em Brasília foram inferiores àquelas calculadas para o Brasil, o IPCA foi pressionado para baixo, mesmo com o aumento do grupo Alimentação”, explicou o economista Newton Marques.
O economista e sociólogo César Bergo, professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília, lembrou que, além dos alimentos, há, ainda, preocupações acerca dos preços dos combustíveis. “Isso por causa da ameaça de aumento. O cenário para os próximos meses é preocupante, embora a gente tenha observado que a cotação do dólar vem caindo, e isso deve ajudar”, considerou.
Impactos
A alta nos custos de aquisição de alimentos e bebidas pelos consumidores, em Brasília, confirmada com o IPCA de dezembro, tem pressionado o orçamento de muitas famílias. Produtos básicos da cesta — como carne, leite, arroz e óleo de soja — têm apertado o bolso dos moradores da capital.
Para Ellen Carneiro, 46 anos, moradora do Sudoeste, reclama do momento que a economia nacional atravessa. “Sinto que os preços não se reduziram. Para quem recebe um salário mínimo está muito puxado. Um litro de leite sai a R$ 6, na caixinha. Uma família, normalmente, não consegue pagar aluguel, alimentação e outras despesas básicas. O arroz está caro, o óleo está caro. O (litro de) azeite, por exemplo, está custando R$ 45. Em alguns lugares, chega a R$ 60. Isso é consequência da instabilidade econômica”, disse a advogada.
A servidora pública Maísa Lobo, 55, residente no Cruzeiro Novo, admitiu mudanças em seus hábitos de consumo para tentar driblar os altos preços. “Às vezes, prefiro dar uma olhada no mercado e comprar outras marcas (substituindo as que comprava). Por exemplo, se estou acostumada com uma e vejo que está muito cara, compro uma unidade de outra para testar. Foi assim que descobri um suco mais barato, de uma marca que eu não conhecia, e ele dá de dez a zero em muitos similares mais caros”, contou.
Maísa também decidiu reduzir o consumo de alimentos frescos e passando a opções mais práticas e econômicas. “Arroz, feijão e carne eu não compro mais. Prefiro marmitas congeladas. Acho mais prático e acredito que sai mais em conta do que adquiri-las no mercado. A manteiga subiu demais, virou um absurdo. Já o azeite, estou fugindo dele”, admitiu.
Planejamento
O economista Newton Marques sugeriu que, para as pessoas se defenderem da inflação, é necessário adotar um planejamento financeiro. “Isso quer dizer, calcular a renda familiar e os gastos de consumo com produtos supérfluos e indispensáveis. No momento seguinte, pesquisar e comparar preços dos bens e serviços. No caso da alimentação, deve-se substituir as mercadorias que têm subido muito, e no caso da energia elétrica e transporte, não há muito o que fazer a não ser conter os gastos com esses grupos”, orientou.
Para 2025, segundo Newton, a tendência deve ser a mesma. “Quando analisamos o que aconteceu com o IPCA de Brasília no ano passado, podemos ainda esperar pressões do grupo Alimentação, e que os grupos Habitação (incluída a tarifa de energia elétrica) e Transportes (derivados de petróleo) não tenham grandes aumentos porque aí poderia inverter a posição de 2024, quando o crescimento do IPCA de Brasília foi inferior ao do Brasil”, apontou.
Evitando a inflação
» Faça planejamento financeiro;
» Calcule a renda familiar e os gastos tanto com produtos supérfluos quanto com os indispensáveis;
» Pesquise e compare preços dos bens e serviços;
» No caso da alimentação, substitua alimentos que têm encarecido;
» Trabalhe para reduzir despesas com transportes e energia elétrica.
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