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Câmara da Argentina aprova Lei da Ficha Limpa e Cristina Kirchner pode ficar inelegível
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Com maioria na Câmara, presidente Javier Milei vê possível inelegibilidade de Cristina Kirchner, mas a nova lei precisa ser ratificada pelo Senado
Nesta quarta-feira, 12, o presidente da Argentina, Javier Milei, conseguiu formar uma maioria entre os deputados do país e aprovou a Lei da Ficha Limpa, que visa impedir que pessoas condenadas por corrupção em segunda instância se candidatem a cargos públicos. A medida tem como principal alvo a ex-presidente Cristina Kirchner.
Contudo, a proposta ainda precisa passar pelo Senado argentino, onde enfrenta uma forte oposição e pode ser barrada.
A Lei da Ficha Limpa foi inicialmente proposta durante o governo de Mauricio Macri, antecessor de Milei. Ela sugere mudanças na Lei Orgânica de Partidos Políticos, proibindo a candidatura de quem tenha cometido crimes contra a administração pública. Além disso, a condenação precisa ter ocorrido pelo menos 180 dias antes das eleições.
As eleições argentinas estão marcadas para outubro deste ano, quando o povo irá às urnas para eleger metade dos deputados e um terço dos senadores. Cristina Kirchner segue ativa na política e é presidente do Partido Justicialista (PJ), com uma provável candidatura em vista.
A lista de candidatos será oficializada durante as primárias, que ocorrerão dois meses antes da eleição. No entanto, a realização das primárias ainda é incerta, visto que o governo Milei propôs a extinção do processo, com o Senado sendo responsável por aprovar a medida.
A condenação de Cristina Kirchner
Cristina Kirchner exerceu a presidência da Argentina entre 2007 e 2015 e foi vice-presidente de 2019 a 2023, quando passou o governo para Milei.
Em 6 de dezembro de 2022, o Tribunal de Primeira Instância condenou Kirchner por administração fraudulenta em detrimento da administração pública, como parte da operação Vialidad. O esquema envolvia desvio de recursos e favorecimento ao empresário Lázaro Báez.
Em novembro do ano passado, quatro réus foram absolvidos, e oito, incluindo Kirchner, foram condenados em segunda instância. A pena foi fixada em seis anos de prisão, além de inabilitação perpétua para cargos públicos. Contudo, como Kirchner tem mais de 70 anos, entrou com um recurso para cumprir a pena em casa, e até o momento a sentença não foi aplicada.
Aprovacão no Senado
Apesar de ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados, a Lei da Ficha Limpa ainda depende da validação pelo Senado, que possui 72 senadores, dos quais 33 pertencem à União pela Pátria, partido peronista que se opõe a Milei. Para que a proposta seja aprovada, são necessários 37 votos a favor, uma maioria absoluta. Caso o bloco opositor não consiga atingir esse número, ainda poderá articular 4 votos adicionais para barrar a medida, com o cenário podendo mudar após as eleições de outubro.
Repercussão internacional
Embora ainda não tenha sido sancionada, a Lei da Ficha Limpa pode ajudar a melhorar a imagem da Argentina no cenário internacional.
O Índice de Percepção de Corrupção de 2024, publicado pela ONG Transparência Internacional, revela que a Argentina caiu uma posição no ranking global, ocupando agora a 99ª colocação, ao lado de países como Etiópia, Lesoto, Indonésia e Marrocos, todos com 37 pontos. A classificação é feita com base em 180 países e as notas variam de 0 a 100, sendo que quanto mais alta a pontuação, melhor a colocação. A Dinamarca ocupa o primeiro lugar com 90 pontos.
Vincenzo Calcopietro /Redator na Exame
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