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Coreia do Norte enviou mais de três mil soldados para Rússia, diz Seul

Moscou e Pyongyang assinaram pacto de defesa em 2024; ao menos 11 mil tropas norte-coreanas já fazem parte do exército russo
A Coreia do Norte parece ter enviado ao menos mais de mil soldados para a Rússia no início deste ano, informaram militares da Coreia do Sul nesta quinta-feira (27), demonstrando o apoio contínuo de Pyongyang à guerra de Moscou contra a Ucrânia.
A notícia chega enquanto o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Andrey Rudenko, declarou que uma visita do líder norte-coreano Kim Jong Un à Rússia está sendo preparada, segundo a mídia estatal TASS.
Os reforços, enviados em janeiro e fevereiro, somam-se às cerca de 11 mil tropas norte-coreanas enviadas para a Rússia até agora, afirmaram os Chefes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
Cerca de quatro mil deles foram mortos ou feridos em combate, segundo Seul.
Pyongyang também enviou uma “quantidade significativa” de mísseis balísticos de curto alcance e cerca de 220 peças de obuses autopropulsados de 170 milímetros e lançadores múltiplos de foguetes de 240 milímetros, informou a Coreia do Sul.
O país também anunciou que as contribuições do Norte “devem aumentar de acordo com a situação”.
Enquanto a Coreia do Norte parece estar aumentando seu apoio à guerra da Rússia, líderes europeus e aliados devem se reunir em Paris nesta quinta-feira (27) para discutir ajuda para a Ucrânia e estabilidade de longo prazo na região, em meio a esforços instáveis da Casa Branca para intermediar um cessar-fogo.
Após as negociações na Arábia Saudita esta semana, os EUA declararam que tanto a Rússia quanto a Ucrânia concordaram em parar de usar a força no Mar Negro e manter uma pausa previamente anunciada em ataques contra infraestrutura de energia.
Mas os russos impuseram algumas condições de longo alcance para assinar a trégua parcial, que fica muito aquém de um cessar-fogo total de 30 dias inicialmente proposto por Washington.
O Kremlin afirmou que só implementaria os acordos quando as sanções sobre seus bancos e exportações fossem suspensas, mostrando o abismo significativo nas expectativas entre as partes negociadoras.
O líder norte-coreano Kim Jong Un e o presidente russo Vladimir Putin, enquanto isso, aprofundam os laços de segurança desde que assinaram um pacto de defesa histórico no ano passado e prometeram usar todos os meios disponíveis para fornecer assistência militar imediata no caso de o outro ser atacado.

Retratos gigantes de Vladimir Putin e Kim Jong-un em cerimônia na Coreia do Norte • Ruptly/Russian Pool via Reuters
O principal conselheiro de segurança de Putin, Sergei Shoigu, se encontrou com Kim na semana passada em Pyongyang, onde transmitiu os “mais calorosos desejos e saudações” do presidente russo, informou a agência de notícias estatal da Rússia TASS.
“Ele presta a máxima atenção à implementação dos acordos firmados com você”, Shoigu falou a Kim, segundo a mídia.
Aprofundando a parceria
Os Estados Unidos alertaram que a Rússia pode estar perto de compartilhar tecnologia avançada de satélite e espaço com a Coreia do Norte, além do equipamento militar e treinamento que ela já está fornecendo, em troca do apoio norte-coreano à guerra na Ucrânia.
Tropas norte-coreanas foram enviadas para a região russa de Kursk para repelir a incursão da Ucrânia desde pelo menos novembro. Mas elas se retiraram das linhas de frente em janeiro após relatos de baixas em massa, relataram autoridades ucranianas.
O legislador sul-coreano Yoo Yong-won, que visitou a Ucrânia no final de fevereiro, disse que cerca de 400 soldados norte-coreanos na Rússia foram mortos e ao menos 3.600 feridos até 26 de fevereiro.
A CNN relatou anteriormente as táticas brutais e quase suicidas dos soldados norte-coreanos, que em alguns casos detonaram granadas em vez de serem capturados pelas forças ucranianas, e escreveram promessas de lealdade a Kim no campo de batalha.
Desde o início da guerra, a Coreia do Norte também enviou milhares de contêineres de munições ou material relacionado a munições para a Rússia, e as forças de Moscou lançaram mísseis feitos pela Coreia do Norte na Ucrânia, segundo autoridades dos Estados Unidos.
Enquanto isso, a Rússia fornece carvão, alimentos e remédios aos norte-coreanos, contou o embaixador Alexander Matsegora ao canal.
Ele também pontuou que filhos de soldados russos mortos na Ucrânia passaram férias na Coreia do Norte no verão passado, e Moscou e Pyongyang estão desenvolvendo intercâmbios estudantis.
Drones norte-coreanos
Autoridades sul-coreanas ecoaram as preocupações americanas de que o aprofundamento da parceria entre a Rússia e a Coreia do Norte poderia facilitar as transferências de tecnologia para o regime de Kim.
Esta semana, Kim supervisionou um teste de novos drones de ataque com IA, informou a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA, e ordenou que eles fossem desenvolvidos ainda mais “conforme a tendência da guerra moderna”.
Pyongyang também revelou um novo drone de reconhecimento que poderia ter vindo em parte da Rússia, relataram os militares da Coreia do Sul nesta quinta-feira (27).
O porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, Lee Seong-jun, afirmou que o modelo da aeronave foi modificado de um avião norte-coreano original, mas o “equipamento interno e essas peças podem estar relacionadas à Rússia”.
Os drones se tornaram uma arma central na luta entre a Rússia e a Ucrânia.
O número de ataques de drones russos na Ucrânia disparou de somente 379 em maio de 2024 para quase 2.500 em novembro.
Em meio a negociações em andamento sobre um cessar-fogo, Ucrânia e Rússia continuaram a trocar ataques.
Na quarta-feira (26) à noite, as forças russas lançaram um ataque massivo de drones na cidade de Kharkiv, no nordeste do país, ferindo pelo menos 21 pessoas e danificando a infraestrutura civil, informaram autoridades ucranianas.
“Nenhum país deveria passar por isso”, exclamou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no Telegram após o ataque.
Em uma entrevista com a Newsmax na terça-feira (25), o presidente dos EUA, Donald Trump, expressou que acredita que a Rússia quer acabar com a guerra, mas “pode ser que eles estejam enrolando”.


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