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Sociedade precisa escutar crianças e adolescentes, alertam especialistas

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Consultora Unesco em Educação e Comunicação, Cristiane Parente, e Maíra Moraes, diretora-presidente da MultiRio, falam sobre educação midiática e regulação das redes sociais

Por Gabriel Botelho – Correio Braziliense

“Infelizmente algumas coisas não mudaram ainda, porque a gente continua numa sociedade muito adulto-cêntrica, que ainda escuta muito pouco crianças e adolescentes.” A avaliação é da consultora da Unesco em Educação e Comunicação Cristiane Parente. Ao lado de Maíra Moraes, diretora-presidente da MultiRio, ela comentou, no Podcast do Correio, sobre a importância da educação midiática para crianças e adolescentes. Em entrevista às jornalistas Mariana Niederauer e Sibele Negromonte, também falaram sobre documentário especial, que teve pré-lançamento na sexta-feira (23/5), em Brasília, para celebrar os 21 anos da 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes.

Há, na avaliação das convidadas, uma dificuldade por parte da juventude em processos de aprendizagem. O excesso de telas, o uso precoce das redes sociais e a diminuição de conteúdo educativo voltado a esse público na televisão aberta são alguns dos entraves. “Se você olhar hoje para a TV aberta brasileira, o que é que tem para criança? Adolescente, então, menos ainda. Esses programas infantis foram se acabando. A gente tem a TV pública que ainda salva, mas a TV comercial aberta, ela não tem. Esqueceu esse público”, assinala Cristiane.

Dados apresentados no EduMídia, evento internacional de educação midiática, que ocorreu em Brasília entre a última quinta (22/5) e sexta-feira (23/5), mostram que mais de 80% das crianças entre 6 e 8 anos no Brasil estão conectadas à internet. De acordo com as entrevistadas, a situação, apesar de também possuir pontos positivos, pode trazer fortes impactos para a sociedade.

“Eu acho que cresceu esse envolvimento da criança e do adolescente com a mídia. Estão ocupando cada vez mais espaços. O próprio documentário fala sobre isso, elas cobraram esses espaços. Antes, ficavam num quarto, mas sempre com um computador. Hoje, é mais com o celular.  E isso impacta também a forma de você usar esses dispositivos, a relação com as pessoas”, adiciona Maíra.

Há, também, outras questões relacionadas à segurança. Um ponto importante é a proibição do uso de celulares nas salas de aula. A manobra, além de restaurar o foco do aluno, contribui para dar ênfase à autoridade do professor no local de estudo. “É uma forma de resguardar uma autonomia, um protagonismo desse profissional de educação”, analisa Cristiane.
As famílias também estão presentes nesse assunto. Na tentativa de deixar os filhos longe dos riscos das ruas, acabam por trazê-los para mais perto dos perigos das redes. “O digital traz uma falsa sensação de que meu filho está mais seguro em casa”, avalia Maíra.Há, também, outras questões relacionadas à segurança. Um ponto importante é a proibição do uso de celulares nas salas de aula. A manobra, além de restaurar o foco do aluno, contribui para dar ênfase à autoridade do professor no local de estudo. “É uma forma de resguardar uma autonomia, um protagonismo desse profissional de educação”, analisa Cristiane.
As famílias também estão presentes nesse assunto. Na tentativa de deixar os filhos longe dos riscos das ruas, acabam por trazê-los para mais perto dos perigos das redes. “O digital traz uma falsa sensação de que meu filho está mais seguro em casa”, avalia Maíra.

A dupla também comentou sobre o documentário 4ª Cúpula Mundial de Mídia para Crianças e Adolescentes — 20 anos depois. Em 2004, o Rio de Janeiro foi escolhido como a capital mundial da mídia. Já naquela época, o debate girava em torno do forte consumo de crianças e adolescentes diante de formatos de mídia.

“A gente avançou, amadureceu a discussão, mas ela já perpassa, de certa forma, a humanidade. É algo que já existia. Desde o rádio, temos discutido essas influências da mídia em relação ao comportamento, ao consumo, à sociedade. Fechamos os olhos para essas crianças e adolescentes, e é importante colocá-las como protagonistas da discussão e da construção de um pensamento crítico sobre quem elas são”, ressalta Maíra.

Confira o podcast

FRASES

O digital traz uma falsa sensação de que meu filho está mais seguro em casa. Mas a gente lida com inúmeras questões que comprovam que não é assim que funciona”

Maíra Moraes, diretora-presidente da MultiRio

(A proibição do uso de celulares na sala de aula) É uma forma de resguardar uma autonomia, um protagonismo desse profissional de educação”

Cristiane Parente, consultora Unesco em Educação e Comunicação.

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