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Haddad incentiva união dos progressistas para reduzir desigualdade

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Em uma palestra realizada nesta sexta-feira (27), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou a importância da mobilização das forças progressistas para criar um projeto robusto que promova transformação social. Segundo Haddad, esse movimento é essencial para combater o avanço das chamadas “forças obscurantistas” que, em sua opinião, têm impactado diversas nações atualmente.

“O que as forças progressistas mais precisam é se reposicionar e apresentar um plano forte para transformação social”, afirmou o ministro. “Sem isso, as forças obscurantistas continuarão prejudicando oportunidades, aumentando desigualdades, alimentando preconceitos e fomentando a intolerância”, completou.

De acordo com Haddad, o momento político atual, que é desafiador em âmbito global, exige que as pessoas se envolvam ativamente para impedir que essas forças se mantenham no poder.

“Quando se presencia o que está sendo feito por quem está no poder, muitos recuam. Porém, agora não é hora de recuar, só se pode baixar a guarda quando tudo está bem, e não é o caso. Agora é tempo de engajamento, do debate construtivo, da disputa de ideias e do esforço coletivo para um futuro melhor, usando como armas o conhecimento, o bom senso, a empatia e o desejo de progresso para o Brasil”, declarou.

Haddad participou do evento Juventude, Democracia e os Novos Caminhos para a Política no Brasil, promovido pela Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da USP e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, no Salão Nobre da faculdade, em São Paulo.

Durante sua fala, ele destacou que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e precisa priorizar a justiça social. “No período eleitoral, o presidente Lula afirmou: ‘Quero colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda’. Quando ele me convidou para ser ministro da Fazenda, perguntei se o slogan valia, e aceitei o desafio. Contudo, atualmente, ocorre o oposto: cerca de R$ 800 bilhões em renúncias fiscais beneficiam os mais ricos, enquanto os mais pobres arcam com o imposto de renda. A base da pirâmide apoia o Estado, enquanto o topo não contribui adequadamente para a sociedade”, explicou.

Para o ministro, essa desigualdade profunda é um fator que faz o Brasil perder respeito, inclusive consigo mesmo. “Precisamos aceitar que a desigualdade é nossa maior vulnerabilidade e obstáculo. Isso faz com que o país não seja respeitado porque não nos respeitamos. Um país que deseja respeito deve antes olhar para si mesmo”, afirmou.

Sem comentar diretamente sobre a decisão do Congresso Nacional que derrubou o decreto presidencial que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), Haddad criticou a resistência da parcela mais rica da população em contribuir para o ajuste fiscal que visa reduzir a desigualdade social.

“Ao fazer um ajuste fiscal, a questão principal é: quem arcará com o custo? Geralmente, são os trabalhadores com salário mínimo, aposentados, servidores públicos e moradores da periferia. Eles suportam toda a carga tributária. Contudo, quando se propõe cobrar mais de quem tem maior poder aquisitivo, o ajuste deixa de ser interessante e o assunto desaparece”, criticou.

O ministro ressaltou que o ajuste fiscal deve ser realizado junto com medidas que promovam a igualdade social. “Se o país enfrenta desigualdade, é necessário corrigi-la durante o ajuste, não depois, pois isso só ampliará o problema”, pontuou. “Discutir essas questões não é para ofender ninguém; a verdade pode causar desconforto, mas é o primeiro passo para solução”, explicou.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o aumento das alíquotas do IOF, Haddad respondeu que aguardará a decisão do presidente da República sobre o tema.

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