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Lula visita Argentina para reunião do Mercosul sem foco político

A reunião dos presidentes do Mercosul, marcada para quinta-feira em Buenos Aires, será dedicada principalmente à agenda do bloco, sem a inclusão de temas políticos, afirmou ao GLOBO o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que embarca para a Argentina nesta terça-feira para participar do encontro do conselho de ministros.
Esta será a primeira visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Argentina desde que Javier Milei assumiu o governo. Apesar das críticas diretas feitas por Milei a Lula durante a campanha presidencial argentina, os dois líderes não mantêm diálogo.
“O Mercosul realiza duas cúpulas anuais. Algumas são voltadas exclusivamente para a agenda do bloco, enquanto outras incluem espaço para debates políticos. Desta vez, conforme a organização da presidência argentina, a visita será breve. O presidente Lula chega no dia 2, participa da reunião de presidentes no dia 3 às 11h e retorna às 13h,” explicou Mauro Vieira.
O chanceler destacou que há vários projetos em andamento, como a possível adesão da Bolívia ao Mercosul e negociações externas com países como Panamá, Canadá, Vietnã e Indonésia. Também mencionou avanços importantes nas negociações com a União Europeia e a flexibilização das regras do bloco para permitir acordos com parceiros do Hemisfério Norte.
“O Mercosul continua se consolidando como uma área significativa de livre comércio, representando uma população considerável e infraestrutura de quatro países, o que desperta interesse de diversas nações.”
Sobre uma possível visita de Lula à ex-presidente Cristina Kírchner, atualmente em prisão domiciliar, Mauro Vieira afirmou que não há planos definidos para isso.
BRICS
O chanceler mencionou ainda que o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) demonstrou preocupação com ataques a instalações nucleares no Irã e defendeu o uso pacífico da energia nuclear. Esse tema poderá ser abordado na próxima reunião dos líderes do BRICS no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 deste mês.
“Pode haver proposta para incluir esse item na declaração final da reunião, que trata de temas relevantes como saúde e comércio entre os países,” comentou Mauro Vieira.
Ele ressaltou que, apesar da ausência dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, o evento não será esvaziado, pois Li Qiang, primeiro-ministro chinês, participará em nome de seu país.
Gastos militares
Mauro Vieira criticou a decisão dos membros da Otan de aumentar gastos militares para 5% do orçamento, destacando que recursos deveriam priorizar a segurança alimentar e a mitigação das mudanças climáticas.
“É vital investir na segurança alimentar global e no combate à fome, bem como financiar ações para conter o aquecimento global, que foi discutido desde a COP 15 e ainda carece de recursos,” afirmou.
Sobre o diálogo entre Brasil e Estados Unidos, ele o classificou como positivo e alinhado à relação histórica de mais de 200 anos entre os países. Respondendo a ameaças de sanções feitas pelo secretário de Estado americano Marco Rubio contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, Mauro Vieira declarou:
“Não sei ao que se refere essa sanção. A legislação brasileira é soberana no país e continuará sendo aplicada.”
Para o governo brasileiro, a Lei Magnitsky, que prevê punições por graves violações de direitos humanos, deve ser aplicada exclusivamente em território americano.
COP30
Sobre a preparação para a conferência mundial sobre o clima, COP30, a ser realizada em Belém (PA), o ministro evitou detalhar as providências logísticas, ressaltando que o governo está cuidando desse aspecto e que o Itamaraty se responsabiliza pelas negociações políticas e diplomáticas.
“Estamos avançando em diversos projetos, como o lançamento do Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa inédita que une Brasil, os Congos e Indonésia.”
Juliana Marins
Mauro Vieira lamentou profundamente a morte da brasileira Juliana Marins, que faleceu após um acidente em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia.
“Foi uma tragédia triste com uma jovem tão nova. A região é muito inóspita e o resgate foi dificultado por condições climáticas, o que impossibilitou o salvamento em tempo hábil.”

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