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Crise grave: Gangues dominam quase toda a capital do Haiti, diz ONU

Forças criminosas armadas aumentaram seu domínio sobre Porto Príncipe, a capital do Haiti, conforme divulgado por representantes da ONU nesta quarta-feira. Eles alertaram para a possibilidade de um colapso completo da autoridade governamental na região.
— Observamos uma queda acentuada na presença do Estado e no cumprimento da lei — afirmou Miroslav Jenca, secretário-geral assistente da ONU para Europa, Ásia Central e Américas, em sessão do Conselho de Segurança. Em relatório divulgado no ano anterior, a ONU relatou que cerca de 700 mil pessoas foram deslocadas devido à violência no país.
Apesar dos esforços da polícia local e do apoio de uma missão internacional conduzida pelo Quênia, a restauração do controle estatal tem sido infrutífera, segundo Jenca.
O Haiti, a nação mais pobre do continente americano, vive instabilidade política há anos e presenciou um aumento significativo da violência armada no último ano.
— Sem uma iniciativa urgente e eficaz da comunidade internacional, pode ocorrer um colapso definitivo da autoridade estatal na capital — alertou Miroslav Jenca.
Ele ressaltou que as alternativas atualmente disponíveis serão menos onerosas e complexas do que as necessárias caso haja um colapso total, comentando sobre a proposta do secretário-geral António Guterres de uma missão da ONU para oferecer suporte logístico à força liderada pelo Quênia.
A diretora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Ghada Waly, informou que as gangues armadas controlam aproximadamente 90% de Porto Príncipe, um aumento em relação à estimativa anterior de 85%.
O enfraquecimento do poder estatal tem aberto espaço para que organizações criminosas estabeleçam estruturas paralelas de governo e prestem serviços públicos básicos, explicou Ghada Waly.
Ela também mencionou denúncias alarmantes de tráfico de pessoas para fins de extração ilegal de órgãos, com relatos relacionados a uma clínica em Petion-Ville e a um hospital no norte do Haiti.
Desde um ataque coordenado que resultou na renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry no ano passado, a violência nas ruas aumentou. Ele foi sucedido por um conselho de transição, com mandato para organizar eleições até fevereiro de 2026. A última eleição ocorreu em 2016.

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