Bairro São José: conheça a ‘superbiqueira’ do PCC em Araçatuba

O bairro São José, localizado na periferia de Araçatuba, no interior de São Paulo, é dominado pelo tráfico de drogas e revela a influência do Primeiro Comando da Capital (PCC) na região. Lá, a chamada Esquina Maluca se destaca como uma ‘superbiqueira’, que é o principal ponto de venda de entorpecentes no local.

Conforme relatado pelo delegado Juliano Albuquerque, da Polícia Civil de Araçatuba, o grupo criminoso que batiza o local é antigo e bastante conhecido na cidade, sendo responsável pelo tráfego na área. A Esquina Maluca fica situada em uma esquina do bairro, de frente para um bar, onde líderes do tráfico delegam a gestão da venda a subordinados de menor graduação. Todo o abastecimento e estrutura são fornecidos pelo PCC, que mantém o controle tanto sobre os pontos de venda quanto sobre as drogas comercializadas.

Quando um gerente é preso, o espaço é rapidamente alugado a outro traficante, por valores que começam em torno de R$ 400 e variam conforme a localização e a lucratividade das substâncias vendidas, conforme informado pelo delegado.

Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) expôs que o grupo possui organização e cargos bem definidos, com lideranças, gerentes responsáveis pela logística e segurança, além de vendedores e olheiros que monitoram o território para impedir ações policiais.

Juliano Albuquerque e o promotor Rodrigo Alves Gonçalves, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), ressaltaram as dificuldades nas investigações no local devido à forte vigilância exercida pelos criminosos, que chegam a criar barreiras com olheiros para evitar flagrantes policiais.

Mesmo com a prisão de sete integrantes da Esquina Maluca em uma operação realizada em 6 de setembro, acabar com o tráfico na região é um desafio constante, já que os criminosos presos são rapidamente substituídos por outros interessados. O promotor Carlos Gaya destacou que o comércio movimenta milhares de reais diariamente.

Em junho, os sete membros detidos foram condenados a penas que somam mais de 80 anos de prisão em regime fechado, sem possibilidade de recursos em liberdade. A investigação contou com trabalho de campo e interceptações telefônicas, que identificaram, inclusive, envolvimento de um assessor de um ex-vereador.

A Esquina Maluca mantém rivalidade com outros grupos que atuam no bairro São José, como o Paredão e outro mais tímido no conjunto habitacional Mão Divina, chamado “Castelinho”. Apesar das disputas, todos recebem suporte do PCC, que é alvo de investigações contínuas.

A operação policial que prendeu os líderes desses grupos resultou em redução significativa do comércio ilegal e ausência de homicídios no bairro desde então. No entanto, o tráfico persiste, e a polícia e o Gaeco seguem trabalhando para reprimir a atividade criminosa.

As autoridades também investigam o patrimônio adquirido pelo grupo criminoso, acompanhando as formas de lavagem de dinheiro e o montante financeiro movimentado pelo PCC no local.