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Projeto de orçamento de Trump travado por desacordos entre republicanos no Congresso

O projeto de orçamento de Donald Trump permaneceu parado na madrugada desta quinta-feira (3), enquanto líderes republicanos buscavam convencer um grupo de dissidentes que ameaça bloquear o principal ponto da agenda doméstica do presidente dos EUA.
Trump pressiona para que a Câmara dos Representantes aprove sua chamada “Lei Grande e Bela”, que já foi aprovada pelo Senado, mas encontra resistência dentro de seu próprio partido devido ao aumento da dívida nacional e cortes no sistema de saúde.
Ao chegar para a sessão às 00h desta quinta-feira (01h em Brasília), o presidente da Câmara, Mike Johnson, ainda aguardava uma votação de procedimento — a última etapa antes da aprovação final — mais de duas horas após o início da votação.
Sem uma solução evidente, seus aliados mantiveram uma reunião tensa a portas fechadas com os que votaram contra ou ainda não haviam se manifestado.
“Vamos conseguir aprovar o projeto esta noite. Estamos trabalhando nisso e estamos bastante otimistas”, afirmou Johnson a jornalistas no Capitólio, segundo o site Politico.
A agenda de Trump
“Esse projeto representa a agenda do presidente Trump e estamos transformando-a em lei”, disse Johnson em comunicado, ressaltando que sua bancada está “preparada para concluir o trabalho”.
O pacote cumpre várias promessas da campanha de Trump: aumenta o orçamento militar, financia uma campanha para deportação de imigrantes e mobiliza US$ 4,5 trilhões (R$ 24,52 trilhões) para estender o alívio fiscal iniciado em seu primeiro mandato. No entanto, ele adiciona US$ 3,3 trilhões (R$ 17,98 trilhões) à dívida crescente do país.
Os defensores do controle fiscal criticam os cortes, alegando que eles não são suficientes para cumprir as promessas feitas.
Johnson precisa negociar com margens muito apertadas: apenas três republicanos podem votar contra o projeto, e mais de 20 já se posicionaram contra.
“Tenho dificuldade em imaginar que isso seja aprovado como está. Há aspectos realmente ruins aqui”, declarou o conservador Andy Biggs à rádio local KTAR News.
Os congressistas devem votar o projeto ainda nesta quarta-feira, apesar de terem dois dias antes do prazo final de Trump, 4 de julho, Dia da Independência dos Estados Unidos.
O texto de mais de 800 páginas foi aprovado no Senado após várias emendas que o inclinaram ainda mais para a direita em certos pontos.
Um conservador se opôs pelo aumento da dívida e dois moderados rejeitaram devido aos cortes no sistema de saúde.
Críticas ao projeto
Analistas independentes afirmam que as principais beneficiadas serão as famílias mais ricas, enquanto estimativas indicam que 17 milhões de pessoas poderão perder seu seguro de saúde e que diversos hospitais poderão fechar.
As alterações na assistência alimentar federal farão com que milhões de americanos pobres percam acesso aos chamados “food stamps”, programa de ajuda para compra de alimentos para os que têm baixa ou nenhuma renda.
Trump tenta convencer os indecisos, como fez anteriormente.
“Nossa nação terá grande prosperidade este ano, mais do que qualquer outro país, mas apenas se a Lei Grande e Bela for aprovada”, escreveu o presidente em sua plataforma Truth Social nesta quarta-feira.
A aprovação dessa lei seria uma vitória significativa para Trump, que tem sido criticado por governar por decretos.
Legisladores democratas planejam usar esse controverso projeto para tentar recuperar o controle da Câmara nas eleições de meio de mandato, em 2026.
O líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries, considera a proposta uma “vergonha”. Segundo ele, é lamentável que os republicanos continuem se submetendo à agenda radical do presidente.

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