Mundo
Rússia retoma acesso a fundos e produtos proibidos com flexibilização das sanções dos EUA

Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos em janeiro, os EUA não impuseram novas sanções à Rússia relacionadas à invasão da Ucrânia. Em vários casos, houve uma flexibilização das restrições. Analistas apontam que, sem novas sanções, as medidas existentes perdem sua força.
Isso abriu caminho para que empresas de fachada canalizem componentes e fundos essenciais para a Rússia, incluindo chips de computador e equipamentos militares normalmente proibidos pelo bloqueio.
As sanções haviam sido o principal instrumento do Ocidente para isolar Moscou desde o começo da invasão em fevereiro de 2022, porém esse esforço se transformou num complexo jogo internacional de esquiva e contramedidas.
Durante a presidência de Joe Biden, milhares de sanções foram impostas mensalmente a entidades russas, abrangendo setores como petróleo, armas, tecnologia e finanças. Até o final do mandato de Biden, essa pressão foi intensificada significativamente, chegando a quase triplicar a média mensal.
Com a ausência de novas sanções na gestão Trump, os efeitos dessa pressão começaram a diminuir. Uma investigação identificou mais de 130 empresas na China e Hong Kong oferecendo chips restritos à Rússia, sem estarem sujeitas a sanções. Caso alguma delas seja penalizada, outras rapidamente a substituem.
Entre essas empresas está a HK GST Limited, registrada recentemente em Hong Kong, que fornece chips essenciais para mísseis russos usados em ataques letais na Ucrânia. Essa e outras companhias formam uma rede complexa que tem fornecido componentes proibidos para a Rússia, apesar das sanções.
Especialistas indicam que, para que as sanções sejam eficazes, é necessário um esforço contínuo, pois a Rússia pode consolidar canais alternativos e criar empresas ocultas para driblar as restrições.
A política de Trump demonstra uma postura de não envolvimento direto com a Rússia no atual conflito, mesmo com a intensificação dos combates na Ucrânia. Essa mudança tem sido criticada tanto por republicanos quanto democratas, que afirmam que isso enfraquece o esforço internacional contra a agressão russa. A Casa Branca declarou que Trump incentiva a paz, mantendo todas as opções abertas.
Curiosamente, Trump utilizou sanções de forma rigorosa contra o Irã, o Tribunal Penal Internacional, o tráfico de drogas e crimes cibernéticos, mas houve relaxamento específico nas restrições à Rússia, incluindo a remoção silenciosa da lista de sanções da esposa de um oligarca ligado a Putin.
Além disso, esforços importantes como a força-tarefa KleptoCapture, focada em confiscar bens de oligarcas russos, foram encerrados recentemente, enquanto novas iniciativas similares surgem para outros conflitos.
A União Europeia tem assumido um papel mais ativo na imposição de sanções contra a Rússia, apesar de suas restrições serem consideradas menos abrangentes que as dos EUA. Observadores apontam que a liderança geopolítica nessa área está se deslocando para a Europa.
Paralelamente, membros do Congresso americano já propõem novas leis para intensificar as sanções contra a Rússia, incluindo tarifas elevadas para países que continuem importando energia russa. Esse projeto tem amplo apoio bipartidário, apesar de haver preocupações sobre possíveis impactos no comércio global e aliados europeus.
Segundo o senador Richard Blumenthal, que visitou Kiev recentemente, os ucranianos precisam urgentemente do apoio dos EUA, e as sanções podem equilibrar a superioridade bélica atual da Rússia.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login