Mundo
Impactos da mineração em águas profundas sobre a vida marinha

A extração mineral em regiões profundas dos oceanos pode afetar diversas formas de vida marinha, desde pequenos organismos das profundezas até predadores como tubarões e peixes-espada, indicou um estudo divulgado na última quinta-feira (3), financiado pela própria indústria.
A empresa canadense The Metals Company, atuante na mineração em águas profundas, contratou a agência científica do governo da Austrália para avaliar dados provenientes de testes realizados no Pacífico.
O fundo do mar do Pacífico abriga grandes áreas repletas de nódulos polimetálicos, que são agregados rochosos carregados de metais essenciais para baterias, como cobalto e níquel.
A The Metals Company planeja explorar esses depósitos numa área remota das águas internacionais, chamada Zona Clarion-Clipperton.
A agência australiana publicou uma série de relatórios técnicos na quinta-feira detalhando como será o manejo dessa mineração.
Espécies como pepinos-do-mar, vermes marinhos, estrelas-do-mar e crustáceos podem sofrer quedas imediatas e significativas em suas populações devido à mineração, segundo o estudo.
Algumas dessas espécies mostram capacidade de recuperação parcial em cerca de um ano, porém, organismos filtradores e pequenos seres que se alimentam de sedimentos apresentam uma recuperação muito limitada.
Piers Dunstan, cientista, comentou em uma conferência que “no leito oceânico, nossa investigação evidencia impactos locais consideráveis provenientes de várias operações mineradoras”.
As tecnologias atuais para extração envolvem veículos robóticos e dispositivos que rastreiam o fundo do mar para coletar os nódulos, que podem estar a mais de cinco quilômetros de profundidade.
Os pesquisadores australianos também analisaram o efeito das nuvens de sedimentos que são liberadas no mar, que poderiam afetar tubarões e outros peixes predadores.
Em alguns cenários, esses predadores podem acumular metais tóxicos no organismo após exposição prolongada a esses sedimentos.
As simulações indicaram que essas concentrações de metal não ultrapassariam os limites internacionais de segurança, além de que o impacto seria menor se o sedimento fosse liberado em maiores profundidades.
Dunstan afirmou que “este trabalho contribui para garantir que, caso a mineração em águas profundas continue, haverá transparência quanto aos possíveis riscos e efeitos sobre a vida marinha e ecossistemas”.
A The Metals Company tem planos de iniciar a exploração na Zona Clarion-Clipperton dentro dos próximos dois anos.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login