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Vape: jovens mulheres lideram consumo; amigos influenciam muito

Dentre os motivos que levam adolescentes a começarem a usar os cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, a influência dos amigos é um dos principais. Um estudo da Universidade de Queensland, na Austrália, revelou que um jovem tem 15 vezes mais chance de usar vapes se seus amigos também fizerem uso.
Por outro lado, a desaprovação dos vapes por pessoas próximas, como os pais, diminui em cerca de 70% a probabilidade de um jovem começar a vaporizar.
No período entre 2015 e 2020, a percepção negativa da sociedade em relação tanto aos cigarros tradicionais quanto aos vaporizadores aumentou significativamente, conforme apontado na revista científica Nicotine and Tobacco Research.
Outra pesquisa da mesma universidade indica que jovens entre 11 e 18 anos desconhecem as substâncias presentes nos cigarros eletrônicos. Entre os usuários, predominam as mulheres mais do que os homens.
Em 2023, estima-se que 7,4% dos adolescentes nos Estados Unidos usaram THC, um componente psicoativo extraído da cannabis, por meio do vape. Além disso, 2,9% utilizaram canabidiol (CBD), que é mais voltado para fins medicinais, e 1,8% consumiram canabinoides sintéticos, drogas produzidas em laboratório com efeitos similares à cannabis.
Jack Chung, do National Center For Youth Substance Use Research da Universidade de Queensland, destaca que os canabinoides sintéticos são especialmente perigosos, podendo causar efeitos imprevisíveis e até a morte. Ele alerta para o aumento do número de jovens que não sabem exatamente quais substâncias estão vaporizando.
Outro dado relevante, publicado no American Journal of Preventive Medicine, mostra um aumento no uso de todos esses produtos entre adolescentes entre 2021 e 2023, com o uso por crianças de 11 a 13 anos de THC e canabinoides sintéticos dobrando no mesmo período.
Gary Chung Kai Chan, professor associado que participou de ambos os estudos, enfatiza o papel das redes sociais no crescimento do uso do vape entre os jovens. Ele alerta que muitos vídeos promovem o vape como uma alternativa mais saudável e moderna em comparação ao cigarro tradicional, o que pode ser uma mensagem perigosa.
Ele defende maior regulamentação das redes sociais, além de políticas e campanhas que reduzam o uso do cigarro eletrônico. Também destaca a necessidade de novas pesquisas para entender melhor as tendências do consumo de cannabis por meio do vape e os impactos na saúde mental e física dos jovens.
No Brasil, o uso dos cigarros eletrônicos, conhecidos como pods ou vapes, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Associação Médica Brasileira (AMB) alerta que um único vape equivale ao consumo de um maço com 20 cigarros tradicionais.
Mesmo assim, dados do terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III) mostram que 5,6% da população com 14 anos ou mais já usa esses dispositivos, sendo 3,7% exclusivamente e 1,9% associando ao cigarro convencional.
Entre os jovens de 14 a 17 anos, a proporção é maior, chegando a 8,7% em 2024, enquanto entre os adultos essa taxa é de 5,4%.

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