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Brics precisam se unir para avançar em inteligência artificial

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Especialistas chineses defendem que a China deve formar uma aliança com os demais países do Brics para progredirem conjuntamente no desenvolvimento da inteligência artificial (IA) e na produção de energia sustentável. A China destaca-se como um dos países do bloco que mais tem avançado nesses setores.

Recentemente, a China chamou a atenção mundial com o lançamento da IA DeepSeek, que superou o ChatGPT, criado pela empresa estadunidense OpenAI, em número de acessos. Além disso, outros modelos de IA de sucesso foram apresentados, com a meta de transformar-se na liderança global dessa tecnologia até 2030.

Professor Xiao Youdan, especialista em estratégias tecnológicas e membro da Academia Chinesa de Ciências, enfatiza a necessidade de cooperação entre os países do Sul global, destacando a importância da transferência de tecnologia para ampliar o uso dessas ferramentas.

Durante o seminário Diálogo Brasil-China sobre Brics e Cooperação Global em Finanças, IA e Transição Verde, realizado em parceria entre o Brics Policy Center da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e o Beijing Club for International Dialogue, o professor enfatizou que os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, detêm grande parte dessa tecnologia, a qual é alimentada também pelos dados dos usuários em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Zhao Hai, diretor do programa de Política Internacional do Instituto Nacional de Estratégia Global da Academia Chinesa de Ciências Sociais, destacou que o domínio das tecnologias pelos países desenvolvidos intensifica a desigualdade entre nações, destacando que, sem uma união dos Brics, essas lacunas só aumentarão, prejudicando o desenvolvimento dos países membros.

Thelela Ngcetane-Vika, pesquisadora do Global Centre for Academic Research de South Valley University, representando a África do Sul, chamou atenção para as diferenças culturais e socioeconômicas dentro do bloco, salientando os desafios da exclusão digital em algumas regiões, o que dificulta o avanço tecnológico.

Energia sustentável

O seminário também destacou o papel dos países do Brics na transição para fontes de energia mais limpas, que reduzam as emissões de gases que causam o aquecimento global. A professora da PUC-Rio, Maria Elena Rodriguez, ressaltou a heterogeneidade do bloco, que inclui grandes produtores de combustíveis fósseis e países com significativa participação de energias renováveis.

Dados indicam que juntos os Brics respondem por uma grande parcela do consumo e produção global de carbono, gás natural e derivados de petróleo. Exemplos incluem a China, com sua matriz energética composta em 61% por carvão; a Arábia Saudita, que utiliza 64,2% de petróleo; e a Rússia, cuja produção é composta por 52,3% de gás natural. Por outro lado, o Brasil destaca-se pelo uso de biomassa em 31,7% de sua energia, e a Etiópia, com 87,2% oriundos de biocombustíveis e resíduos.

A professora defende que a discussão sobre a transição energética deve considerar as particularidades históricas, econômicas e geopolíticas de cada país para alcançar acordos justos, que incluam os trabalhadores e as comunidades locais. Além disso, enfatizou a necessidade de uma política de cooperação sólida dentro do bloco que envolva financiamento, tecnologia e transferência de conhecimento para evitar perpetuação das desigualdades existentes.

Tang Xiaoyang, chefe do departamento de relações internacionais da Universidade de Tsinghua, reforçou a importância da cooperação não apenas entre os países do Sul, mas também com economias avançadas, como a Europa e os Estados Unidos, para que todos possam se beneficiar igualmente por meio do comércio e investimento.

Sobre o Brics

O Brics é um grupo que integra 11 países membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Conta ainda com países parceiros como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão. Sob a liderança do Brasil, a 17ª Cúpula do Brics será realizada no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho.

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