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Promotoria pede cassação de prefeito ligado a aliado de Júnior Mano

O Ministério Público Eleitoral do Ceará solicitou a cassação dos mandatos de dois apoiadores do deputado Júnior Mano (PSB-CE) – Professor Jardel e Antônio Ilomar, eleitos prefeito e vice de Canindé em 2024, suspeitos de utilizar dinheiro desviado de emendas parlamentares para financiar a campanha.
Eles venceram as eleições com o apoio direto de Bebeto do Choró, prefeito de Choró e conhecido como braço direito de Júnior Mano no esquema das emendas. A Promotoria eleitoral realça a investigação da Polícia Federal que indicou a compra de votos na campanha.
Em imóveis ligados ao comitê de Professor Jardel, durante a campanha, foram encontrados R$ 56 mil em dinheiro, vários kits de higiene pessoal, uma quantidade significativa de medicamentos e um caderno contendo nomes de eleitores associados a valores possivelmente pagos pelo grupo.
“Esse caderno é peça-chave da investigação, agindo como um registro informal de uma rede organizada de compra de votos a favor de Jardel e Ilomar, na qual o voto estava relacionado a benefícios materiais, seja em dinheiro, remédios ou transporte no dia da eleição”, afirmou o promotor Jairo Pereira Pequeno Neto, titular da 33ª Zona Eleitoral do Ceará.
Júnior Mano é o principal alvo da Operação Underhand, conduzida pela Polícia Federal sob ordens do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que realizou buscas em seu gabinete na Câmara.
A suspeita é que emendas destinadas por ele a 50 municípios do Ceará, próximas às eleições do ano anterior, teriam sido desviadas e usadas para apoiar candidatos ligados a ele e a Bebeto do Choró. O dinheiro teria sido distribuído em licitações fraudulentas, antes do período proibido pela legislação eleitoral, abastecendo o caixa dos políticos apoiados por ambos.
Canindé, localizado no sertão central cearense, a cerca de 100 km de Fortaleza, teve Professor Jardel eleito com o suporte direto de Bebeto do Choró. Ele venceu o candidato apoiado pela ex-prefeita Rozário Ximenes, que denunciou o esquema ao Ministério Público estadual, em setembro de 2024.
Bebeto teve prisão decretada e é formalmente acusado de desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e compra de votos durante as eleições de 2024.
De acordo com a Promotoria Eleitoral, durante o pleito, Bebeto negociou com agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Rodoviária Estadual para reduzir a fiscalização de carretas beneficiando a campanha de Jardel e seu vice, atuando como coordenador informal e financiador da campanha, utilizando sua influência política e econômica para interferir nas eleições.
“Interceptações revelam o uso do aparato público de segurança para favorecer a campanha dos investigados, ultrapassando a mera influência política e configurando abuso de poder político e econômico”, destacou o promotor.
Além da fiscalização reduzida, foi detectada circulação de dinheiro sem origem comprovada, evidenciando a combinação perigosa entre abuso de poder político e econômico, que prejudica gravemente a normalidade das eleições.
Promessa de pagamento a vereador
A investigação baseia-se na denúncia de Rozário Ximenes, que revelou o esquema das emendas supostamente articulado por Bebeto e Júnior Mano. Segundo ela, o grupo teria ligação com pelo menos 51 prefeituras no Ceará e usou empresas ligadas a Bebeto, registradas em nome de laranjas, para vencer licitações e desviar recursos para compra de votos e caixa dois.
Rozário afirmou ter sido perseguida politicamente pelo grupo adversário.
No pedido de cassação dos mandatos de Jardel e seu vice, o Ministério Público cita a investigação da Polícia Federal que indicou compra de votos na campanha.
A PF identificou uma promessa de pagamento de R$ 200 mil a um vereador em troca de apoio político.
A ação conclui que a campanha de Jardel, com apoio do aliado de Júnior Mano, foi marcada por diversas irregularidades, incluindo abuso de poder econômico e político, captação ilícita de votos, tentativa de cooptação de servidores públicos e uso indevido de recursos e estruturas administrativas para favorecer a eleição.
O promotor pediu a cassação dos mandatos, declaração de inelegibilidade e a realização de novas eleições.
A Polícia Federal ainda suspeita de uma relação entre Bebeto e membros do Comando Vermelho (CV), facção criminosa que teria sido enviada ao sertão cearense para controlar a compra de votos dos aliados da facção.
O Comando Vermelho, uma organização criminosa poderosa com base no Rio de Janeiro e atuação em vários estados, teria deslocado “soldados” para cidades sob influência de Bebeto do Choró e Júnior Mano durante as eleições de 2024. A missão do grupo incluía ameaças a candidatos rivais, pichações e envio de mensagens intimidatórias a eleitores.
Bebeto do Choró está foragido.

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