Economia
Tarifa de 30% dos EUA pode encarecer produtos europeus e ameaçar comércio com UE

A tarifa de 30% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos da União Europeia (UE) anunciada recentemente pode causar impactos para empresas e consumidores em ambos os continentes. Essa medida deve elevar o preço de produtos como queijos franceses, artigos de couro da Itália, eletrônicos alemães e medicamentos espanhóis no mercado americano.
A Comissão Europeia destaca que o comércio com os EUA é uma das relações comerciais mais valiosas globalmente. Em 2024, o comércio bilateral de bens e serviços alcançou 1,7 trilhão de euros (equivalente a US$ 2 trilhões), representando 4,6 bilhões de euros por dia, conforme dados da Eurostat.
Entre as principais exportações dos Estados Unidos para a Europa estão petróleo, medicamentos, aeronaves, automóveis e equipamentos médicos, enquanto da Europa para os EUA incluem-se medicamentos, carros, aviões, produtos químicos, instrumentos médicos e bebidas alcoólicas.
Em abril, Donald Trump propôs inicialmente uma tarifa de 20% sobre bens europeus como parte de um plano para lidar com países em déficit comercial com os EUA. Posteriormente, ameaçou elevar essa tarifa para 50% devido à lentidão nas negociações.
A Comissão Europeia esteve esperançosa de fechar um acordo com Washington até recentemente. Caso isso não ocorra, a UE afirmou estar preparada para impor tarifas retaliatórias sobre produtos americanos como carne bovina, cerveja e aeronaves da Boeing.
Donald Trump tem criticado o superávit comercial da UE com os EUA, que alcança 198 bilhões de euros. No entanto, empresas americanas equilibram esse montante com superávits em serviços como computação em nuvem, turismo, serviços jurídicos e financeiros, reduzindo o déficit total para 50 bilhões de euros (US$ 59 bilhões), menos de 3% do comércio bilateral.
Antes do retorno de Trump, a relação comercial era mais colaborativa, com tarifas baixas: 1,47% para produtos europeus e 1,35% para americanos. No entanto, desde fevereiro, houve mudança no tom da relação. Além da nova tarifa de 30%, Trump impôs tarifas de 50% sobre aço e alumínio e 25% sobre carros e peças europeias.
O governo dos EUA também reclama das barreiras agrícolas da UE, como restrições ao uso de hormônios em carne e tratamentos com cloro em frango, além de impostos sobre valor agregado considerados neutros por economistas, mas que não estão em pauta nas negociações, segundo Bruxelas.
Sem um acordo, o PIB da UE pode cair 0,3%, e o dos EUA, 0,7%, segundo o think tank Bruegel. O cenário mais provável é que os EUA recuem das medidas mais rígidas e ofereçam algumas isenções específicas, enquanto a UE flexibiliza certas regulamentações para facilitar o comércio.

Você precisa estar logado para postar um comentário Login