Economia
São Paulo e Rio os estados mais prejudicados pela nova tarifa de Trump em agosto

Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul serão os mais impactados em suas vendas para os EUA caso a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros seja implementada em agosto, conforme anunciou o presidente Donald Trump.
Esses estados lideraram as exportações para os Estados Unidos no primeiro semestre deste ano, segundo dados da Amcham via Monitor do Comércio Brasil-EUA.
Juntos, representam 73% de tudo o que o Brasil vendeu para os americanos. São Paulo lidera com 31,9%, totalizando US$ 6,4 bilhões, exportando produtos como aeronaves (com a Embraer sediada em São José dos Campos), suco de laranja (o estado é o maior produtor do país) e equipamentos de engenharia.
A Embraer será a empresa mais afetada, com cerca de 24% da receita ligada ao mercado norte-americano, conforme relatório da XP Investimentos.
O Rio de Janeiro teve 15,9% das vendas (US$ 3,2 bilhões), com produtos como óleos brutos de petróleo, ferro e aço semiacabados e óleos combustíveis. Minas Gerais faturou US$ 2,5 bilhões, exportando café, ferro gusa e máquinas elétricas.
O Espírito Santo vendeu US$ 1,6 bilhão em semiacabados de ferro e aço, cal, cimento, materiais de construção e celulose. O Rio Grande do Sul arrecadou US$ 950 milhões com tabaco, máquinas elétricas e calçados.
Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, lamentou que o anúncio de Trump sobre as novas tarifas seja um golpe duro para o setor calçadista que vinha recuperando o mercado nos EUA, onde as vendas cresceram 40% em junho.
Busca por novos mercados
Especialistas apontam que, se a tarifa for confirmada, empresas afetadas terão que encontrar novos mercados, o que não é tarefa simples.
O economista Felippe Serigati, da FGVAgro, comenta que, apesar do impacto geral ser moderado para o Brasil (pois as exportações para os EUA correspondem a cerca de 2% do PIB), alguns setores específicos como suco de laranja, carne, café, papel e celulose sofrerão impactos consideráveis.
Serigati ressalta que abrir novos mercados demanda tempo e esforço.
Impacto nos portos
O relatório da Amcham destaca que certos portos também podem sentir os efeitos. O porto de Santos, em São Paulo, respondeu por mais de um terço das exportações brasileiras para os EUA no primeiro semestre.
Os portos de Itaguaí e do Rio de Janeiro contribuíram com 9% e 7,8%, respectivamente, enquanto o porto de Vitória, no Espírito Santo, correspondeu a 7,6%. No total, 86,6% das exportações para os EUA são realizadas via marítima.

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