Empresário lidera pesquisas e quer mudar governo de esquerda na Bolívia

A um mês das eleições na Bolívia, o empresário de centro-direita Samuel Doria Medina é o favorito nas pesquisas e promete alterar o modelo econômico de esquerda mantido por 20 anos pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS).

Doria Medina, de 66 anos, é um dos empresários mais ricos do país. Ele se define como social-democrata e lidera as intenções de voto para as eleições de 17 de agosto com 18,7%, segundo pesquisa recente da consultoria Ipsos-Ciesmori.

“Vai começar uma nova fase onde o mais importante será recuperar a estabilidade econômica e, depois, realizar mudanças profundas para abandonar o estatismo e ter uma economia capitalista, de mercado, competitiva e aberta ao mundo”, afirmou o candidato da coalizão Aliança Unidade em entrevista à AFP.

A principal preocupação dos bolivianos é a crise econômica, causada pela escassez de dólares e altos gastos públicos. Os protestos sociais responsabilizam o presidente Luis Arce, ex-ministro da Economia do ex-presidente Evo Morales, pela situação.

A Bolívia quase esgotou suas reservas em moeda estrangeira para sustentar subsídios aos combustíveis, que são importados a preços internacionais e vendidos internamente com prejuízo.

A inflação saltou e alcançou 23,9% em junho na comparação anual, o nível mais alto desde 2008.

Embora o governo afirme que não cortará os subsídios para evitar uma inflação ainda maior, Doria Medina promete eliminá-los para economizar dólares nos primeiros 100 dias de um possível governo, sem receio de causar um choque econômico.

“Esse choque já aconteceu”, disse ele, referindo-se ao aumento dos preços dos alimentos.

O candidato também planeja remover limitações da Constituição de 2009, promovida pelo ex-presidente Evo Morales, para permitir que o investimento estrangeiro explore mais livremente os recursos naturais da Bolívia.

“Estamos vendo o fim de uma fase que durou 20 anos. Apesar dos avanços na inclusão, infelizmente foi aplicado um modelo equivocado”, concluiu.

Morales chegou ao poder em 2006 com políticas estatizantes, continuadas em 2020 por seu ex-ministro Luis Arce.

Doria Medina é seguido de perto nas pesquisas pelo ex-presidente de direita Jorge Quiroga, que tem 18,1% das intenções de voto.

Um grupo de candidatos de esquerda, ligados ao MAS, enfrenta rejeição devido ao modelo econômico que, segundo Doria Medina, está esgotado.

Os três candidatos associados ao MAS estão distantes da liderança nas pesquisas: o presidente do Senado Andrónico Rodríguez (11,8%); o ex-ministro de Governo Eduardo del Castillo (2,3%); e a prefeita de El Alto Eva Copa (0,6%).