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Irlandês preso nos EUA por ultrapassar visto três dias

Em março de 2024, um homem irlandês de 35 anos acompanhava pela TV a visita do primeiro-ministro Micheál Martin ao presidente americano Donald Trump. A simples ação tornou-se o começo de um pesadelo para Thomas, que preferiu não divulgar seu sobrenome, já que ele assistia a essa visita dentro de uma prisão federal nos EUA.
Thomas foi detido no final de 2023 por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) após exceder o tempo de seu visto turístico em três dias por motivos médicos.
Ele, pai de três filhos, viajou em setembro de 2024 para a Geórgia, EUA, para visitar a família da namorada americana, com planos de retornar em outubro. Seu visto, que permite estadia de até 90 dias para cidadãos da União Europeia, expirou enquanto ele estava fazendo tratamento médico, ficando impedido de voltar aos EUA por uma década.
A prisão de Thomas ocorreu mesmo nos últimos dias da administração de Joe Biden, mas reflete a rigidez das políticas migratórias iniciadas no governo Trump.
100 dias em custódia
Thomas passou 100 dias preso em três diferentes instituições, até ser deportado para a Irlanda em março. Ele explicou ao jornal britânico Guardian que ficou além do permitido porque estava se recuperando de uma lesão na panturrilha que o impediu de viajar, conforme indicação médica para evitar trombose.
Ele relata ter sido mantido no sistema prisional mesmo após solicitar deportação e mostrar documentos médicos.
Devido à superlotação dos presídios motivada pelas rígidas leis migratórias, Thomas chegou a ser alojado em uma prisão federal destinada a criminosos, apesar de sua detenção não envolver crime.
Thomas e a namorada Malone estavam na Geórgia quando ele sofreu uma crise mental que resultou em uma confusão com a polícia, que levou à sua prisão sob acusação equivocada de cárcere privado. Após pagar fiança, ele foi recolhido pelo ICE e levado a um centro de detenção para imigrantes.
Condições precárias
Ele enfrentou condições ruins em várias instalações, incluindo prisões federais em Atlanta, onde presenciou superlotação, sujeira, alimentação inadequada, falta de itens básicos e negligência médica, além de isolamento e frio constante.
Thomas descreve que os detentos eram tratados sem informação, sub-humanamente, vivendo em celas insalubres e sem acesso adequado a cuidados de saúde.
Durante a detenção, não conseguiu se comunicar com seus filhos devido à impossibilidade de fazer chamadas internacionais.
Liberdade e consequências
Em março, ele foi deportado sob escolta armada, com o BoP (Bureau de Prisões Federais) confirmando sua custódia sem detalhar o caso.
Thomas teme que sua experiência o impeça de voltar aos EUA e lida com traumas emocionais causados pela detenção e pelas condições sofridas.
A namorada planeja mudar-se para a Irlanda para ficarem juntos, pois ela também não deseja continuar nos EUA.
Ele enfrenta dificuldade para dormir e processar o ocorrido, descrevendo a experiência como surreal, como se fosse um filme, e enfrenta problemas de saúde decorrentes da desnutrição e medicação inadequada recebidas durante o período.

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