Lula afirma que Brasil quer negociar tarifa dos EUA e não aceitará imposições

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (17) que utilizará todas as formas possíveis para negociar com os Estados Unidos a revogação da tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras para aquele país. No entanto, destacou que está preparado para unir esforços com outras nações e recorrer judicialmente caso as medidas do presidente Donald Trump persistam.

“Estamos dispostos a usar todas as palavras do dicionário para tentar um acordo. Se não for possível, iremos à Organização Mundial do Comércio e podemos formar um grupo de países para responder legalmente, além de aplicar a Lei da Reciprocidade”, declarou Lula em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, na CNN Internacional.

Quando questionado sobre o plano alternativo caso Trump mantenha a tarifa, o presidente brasileiro explicou que tem buscado diversificar mercados de destino das exportações, mas enfatizou que jamais imaginou um conflito com os Estados Unidos, desejando manter uma relação amistosa com o governo americano.

“Lamento que duas nações com 200 anos de relação histórica escolham uma disputa judicial devido à falta de respeito à soberania mútua”, afirmou.

Lula também criticou a forma como o anúncio da tarifa foi feito, apontando que ocorreu por meio de uma publicação na rede social Truth Social, e não por canais diplomáticos, considerando isso uma quebra de protocolo entre chefes de Estado.

Ele ressaltou que as negociações com os EUA já vêm ocorrendo há meses, envolvendo seu ministro das Relações Exteriores, o vice-presidente e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Uma proposta foi enviada após dez encontros desde março, porém, em vez de uma resposta formal, a notícia da tarifa veio diretamente da postagem do presidente americano.

O chefe do Executivo também destacou que a Justiça brasileira é independente e que não, de forma alguma, interferirá em processos judiciais relacionados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde por tentativa de golpe e está sendo julgado por seus atos.

Lula desmentiu algumas alegações feitas por Trump, afirmando que os Estados Unidos tiveram superávit comercial de US$ 4,1 bilhões com o Brasil nos últimos 15 anos, e que eventuais taxações de empresas de tecnologia no Brasil são decisões soberanas do governo brasileiro.

O presidente brasileiro reforçou que o país busca negociação e paz, e não aceitará imposições, reiterando o desejo de manter uma boa relação com os Estados Unidos.