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Região da 25 de Março envolve grupos criminosos e milícia

Na mira de uma investigação liderada pelo presidente norte-americano Donald Trump, a área da rua 25 de Março, localizada no centro de São Paulo, enfrenta desafios que vão além da venda de produtos piratas, tema que tem causado atritos entre Brasil e Estados Unidos. As investigações indicam a presença da máfia chinesa, da facção criminosa PCC e de milícias policiais atuando na região.
As ruas comerciais mencionadas foram incluídas em um inquérito conduzido pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR). A 25 de Março é considerada um dos principais centros mundiais de comércio ilegal e falsificações.
Essa área compreende sete mercados notórios do Centro Histórico de São Paulo, incluindo Santa Ifigênia e o Brás: Shopping 25 de Março, Galeria Pagé, Santa Ifigênia, Shopping Tupan, Shopping Korai, Feira da Madrugada e Nova Feira da Madrugada. A investigação americana, que surgiu após a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros, busca examinar práticas comerciais consideradas injustas, como a pirataria e violação de direitos autorais.
Além da conhecida comercialização de produtos falsificados, os polos comerciais da capital paulista enfrentam a presença de organizações criminosas. O volume de dinheiro envolvendo as regiões da 25 de Março e do Brás atrai quadrilhas dedicadas à lavagem de dinheiro, contrabando, extorsão, sequestro e até homicídios.
Máfia chinesa
A máfia chinesa opera desde lavagem de dinheiro por meio de estabelecimentos de fachada até extorsão de comerciantes, como revelado por reportagens do Metrópoles. Uma operação da Polícia Federal expôs que lojas do Brás serviam para lavar fundos de golpes virtuais, que eram usados para comprar armas por parte dos criminosos chineses.
O método incluía o recrutamento de laranjas para abrir contas bancárias a fim de depositar valores obtidos ilicitamente, que eram então transferidos para empresas de fachada na região. Explorações recentes mostram depósitos feitos por empresários chineses sob investigação por contrabando e participação em organização armada.
Outra quadrilha teve membros presos por extorsões e crimes graves na 25 de Março e no Brás. Comerciantes chineses eram coagidos a pagar altas taxas sob ameaça de violência. Entre 2014 e 2017, pelo menos três homicídios ligados a essa cobrança foram confirmados. A prisão recente de Lin Xianbin, um integrante da máfia procurado, foi possível graças a reconhecimento facial em câmeras municipais.
Apesar de prisões e desmantelamento parcial, muitos membros do grupo continuam foragidos ou cumprindo penas alternativas.
Milícia
Simultaneamente, uma milícia composta por policiais militares e civis foi denunciada pelo Ministério Público por extorquir comerciantes na Feira da Madrugada, uma das áreas destacadas na investigação dos EUA pela venda de produtos ilegais.
Desde 2023, essa organização controlava espaços de comércio no Brás, cobrando por metro quadrado, semanal e anualmente, utilizando ameaças, agressões e intimidações armadas para garantir os pagamentos.
As apurações revelaram o uso de cadernetas para anotar as cobranças e evidências como gravações feitas com câmeras ocultas, escutas e interceptações telefônicas confirmaram a participação ativa dos policiais nos crimes, incluindo a ameaça de comerciantes inadimplentes com empréstimos fraudulentos.
PCC
As investigações mostraram ainda que traficantes do PCC utilizavam lojas do comércio popular para movimentar dinheiro proveniente do comércio de drogas. Um doleiro chinês recebia pagamentos locais e repassava valores para traficantes do PCC que atuavam na Europa, lucrando nas transações e facilitando o comércio sem deixar rastros.
Além disso, foram descobertas lojas de fachada usadas para lavagem de dinheiro da facção criminosa, que também exigia taxas de proteção de comerciantes.
Reação dos comerciantes
Comerciantes locais reagiram à ação de Donald Trump contra a 25 de Março. A Univinco, entidade que representa os lojistas, defendeu o comércio local ressaltando que o bairro possui mais de 3 mil estabelecimentos formais que geram empregos, pagam impostos e oferecem produtos de qualidade.
Durante uma manifestação realizada na manhã de sexta-feira (18/7), comerciantes e trabalhadores ocuparam a rua 25 de Março, protestando contra a investigação americana. Cartazes contra Trump foram exibidos, e militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) também participaram, portando bandeiras durante a mobilização.

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