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Tarcísio perde apoio e insiste na bolha bolsonarista, avalia especialista

Os movimentos e declarações de Tarcísio de Freitas (Republicanos) entre o anúncio da tarifa dos Estados Unidos e a ação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) evidenciam que o governador de São Paulo permanece preso à bolha bolsonarista, segundo o cientista político Marco Antônio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
De acordo com o analista, Tarcísio pode ter comprometido suas relações com setores políticos e econômicos ao oscilar em suas posições sobre a taxação de produtos brasileiros — inicialmente criticando a diplomacia do presidente Lula, depois defendendo diálogo — e ao criticar publicamente decisões do Supremo Tribunal Federal, como a determinação do ministro Alexandre de Moraes para impor tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Parece que ele não está conseguindo sair da bolha e, ao contrário, está deteriorando as relações com grupos com quem mantinha diálogo enquanto governador do estado”, afirmou Teixeira.
Na sexta-feira (18/7), Tarcísio defendeu Bolsonaro após as medidas judiciais de busca, apreensão e uso de tornozeleira eletrônica contra o ex-presidente, classificando-as como humilhações e erros sucessivos, ressaltando que “não haverá paz social sem paz política”. Ele argumentou que tais medidas não contribuem para a pacificação do país e que o Brasil precisa de eleições livres, justas e competitivas para avançar.
Para Marco Antônio Teixeira, a defesa de eleições livres por Tarcísio contrasta com o fato de que ele próprio foi eleito pelo mesmo sistema. O analista suspeita que o governador esteja mais influenciado por Bolsonaro do que por seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, a fim de recuperar a confiança dentro do grupo bolsonarista, especialmente considerando a desconfiança alimentada após críticas públicas do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro.
Após críticas de Eduardo Bolsonaro à negociação de Tarcísio com a embaixada dos EUA sobre a crise tarifária, o deputado posteriormente amenizou seu posicionamento, e aliados próximos ao governador afirmam que ele saiu politicamente fortalecido dentro do bolsonarismo, embora a desconfiança persista fora dele.
Marco Antônio Teixeira ressaltou ainda que a reação inicial de Tarcísio ao anúncio da sobretaxa de 50% sobre exportações brasileiras feita pelo presidente americano Donald Trump pode ter afetado negativamente a confiança do setor produtivo no governador. Isso porque Tarcísio não condenou a decisão dos Estados Unidos e atribuiu a responsabilidade ao governo brasileiro.
Após o anúncio, Tarcísio se reuniu com o ex-presidente para definir os próximos passos diante da situação. Submetido a críticas de opositores e do presidente Lula, o governador ajustou seu discurso ao pregar unidade para enfrentar a crise, marcando encontro com o representante da embaixada americana para buscar soluções e convocando empresários para discutir apoio.
“O mais importante agora é entender como setores como a Faria Lima e o agronegócio, que são bases importantes para Tarcísio, estão reagindo, pois eles apostavam muito no nome dele”, conclui o professor Teixeira.

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