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Imigrantes liberados de El Salvador chegam à Venezuela após acordo com EUA

Aviões transportando os imigrantes venezuelanos, anteriormente enviados pelos Estados Unidos para uma prisão de alta segurança em El Salvador, pousaram na sexta-feira (18) em Caracas, após uma troca de prisioneiros entre os governos de Donald Trump e Nicolás Maduro.
O governo venezuelano afirmou que realizou uma troca envolvendo 10 cidadãos e residentes dos Estados Unidos, além de 80 “presos políticos”, pelos detentos do Cecot, o temido Centro de Confinamento do Terrorismo criado para abrigar integrantes de gangues salvadorenhas.
Os 252 presos foram encaminhados em março para o Cecot sem julgamento, depois de serem apontados pelo governo do presidente Donald Trump como membros da gangue criminosa Tren de Aragua.
Donald Trump classificou a gangue como “organização terrorista” e utilizou uma lei de 1798 sobre inimigos estrangeiros para deportar esses imigrantes rapidamente.
“Livres, finalmente livres!”, comemorou Nicolás Maduro em evento oficial que marcou a chegada dos imigrantes. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, e outras autoridades acompanharam o desembarque.
Um dos libertados relatou, ainda no avião, que recebiam “golpes durante todas as refeições” e que não lhes era fornecida água potável.
Terroristas ou inocentes?
Nicolás Maduro afirmou que estavam sendo tratados como “terroristas por inocentes”. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, também celebrou a libertação dos 10 americanos e dos “presos políticos” venezuelanos.
Os 10 prisioneiros americanos foram primeiro recebidos em San Salvador pelo presidente Nayib Bukele. Um vídeo os mostrou acenando com bandeiras americanas ao desembarcar do avião.
“É complicado negociar com um regime verdadeiramente tirânico, mas conseguimos”, disse Nayib Bukele sob aplausos dos americanos.
Após a cerimônia, os libertados retornaram ao aeroporto e seguiram para os Estados Unidos. A identidade deles não foi divulgada. A ONG venezuelana Foro Penal, especializada na defesa de “presos políticos”, informou que, além dos americanos, havia residentes permanentes do México, França, Bolívia, Peru e Uruguai entre os libertados.
Dificuldades enfrentadas
A guerra contra a imigração ilegal é uma das prioridades do governo Trump, que intensificou operações policiais e deportações.
Os venezuelanos detidos em El Salvador não tinham acesso a ligações ou visitas, e suas famílias até pediam provas de vida.
Nayib Bukele afirmou que muitos desses imigrantes pertenciam ao Tren de Aragua ou estavam acusados de crimes graves como assassinato, roubo e estupro, mostrando um vídeo dos venezuelanos algemados e trajando roupas civis ao embarcar no avião venezuelano.
Um deles disse “Malditos!” ao olhar para a câmera.
Crianças e repatriações
Na sexta-feira, 251 migrantes, incluindo sete crianças separadas de seus pais, chegaram à Venezuela após serem deportados de Houston.
Voos trazendo imigrantes chegam com frequência à Venezuela devido aos acordos firmados por Nicolás Maduro com Donald Trump. Entretanto, o envio de imigrantes a El Salvador gerou tensão nas negociações.
O governo venezuelano também repatriou cidadãos retidos no México que não conseguiram entrar nos Estados Unidos.
Desde fevereiro até esta sexta-feira, cerca de 8.300 imigrantes retornaram à Venezuela em 45 voos, incluindo aproximadamente mil crianças.

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