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Ataques israelenses matam 32 pessoas perto de centros de ajuda em Gaza

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A Defesa Civil de Gaza informou neste sábado (19) que 32 pessoas perderam a vida, e mais de 100 ficaram feridas por tiros disparados por forças israelenses nas proximidades de dois locais de distribuição de ajuda humanitária no território palestino, que sofre com os efeitos de uma guerra de mais de 21 meses.

Mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza enfrentam risco grave de fome devido ao conflito iniciado pelo ataque do grupo islâmico palestino Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.

Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil local, declarou à AFP que 32 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas por disparos feitos por Israel perto de dois pontos de entrega de ajuda, um localizado ao sul de Khan Yunis e outro ao norte de Rafah.

De acordo com Bassal, os tiros ocorreram próximo a centros operados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que recebe suporte dos Estados Unidos e de Israel.

Por sua vez, a GHF negou os relatos de mortes próximas às suas instalações, classificando-os como falsos.

Uma testemunha, Abdul Aziz Abed, de 37 anos, relatou à AFP que, antes do amanhecer, dirigia-se a um desses centros no sul de Khan Yunis para buscar alimento com cinco familiares, quando soldados israelenses começaram a atirar.

“Meus familiares e eu não conseguimos nada”, lamentou. “Todos os dias vamos lá e só recebemos balas.”

Outras três testemunhas confirmaram que o Exército israelense abriu fogo.

Disparos de advertência

O Exército israelense informou que identificou suspeitos na região de Rafah que se aproximaram dos soldados e, ao desobedecerem ordens para deixarem o local, receberam disparos como forma de advertência.

As forças militares admitiram ter recebido informes sobre vítimas durante o ocorrido, que aconteceu à noite, a cerca de um quilômetro do centro de ajuda, que estava fechado no momento.

“Estamos investigando”, concluíram.

A GHF iniciou suas operações em Gaza no final de maio, após meses de bloqueio israelense que impediu a entrada de ajuda humanitária, mesmo após alertas da ONU e ONGs sobre o risco de fome iminente.

Organizações internacionais como a ONU têm se recusado a colaborar com a GHF, alegando que a fundação serve a objetivos militares israelenses e viola princípios humanitários essenciais.

Após semanas marcadas por caos e relatos diários de mortes durante a distribuição de ajuda, a GHF admitiu recentemente a morte de 20 pessoas em um tumulto em um de seus centros, atribuindo o evento a agitadores na multidão que teriam disparado contra trabalhadores humanitários.

A ONU registrou 875 mortes desde o fim de maio de indivíduos tentando obter alimentos, incluindo 674 próximo dos centros da GHF.

Devido a restrições à imprensa e dificuldades de acesso por terra, a AFP não pôde verificar independentemente as informações das partes envolvidas.

Desnutrição crítica

A ONG Médicos Sem Fronteiras alertou para um aumento alarmante de casos de desnutrição grave em Gaza, apontando níveis sem precedentes em duas de suas unidades.

A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, afirmou que possui comida suficiente para a população de Gaza por mais de três meses, porém não consegue distribuir devido ao bloqueio israelense.

Em ligação telefônica com o primeiro-ministro israelense na sexta-feira, o papa Leão XIV expressou preocupação com a grave situação humanitária em Gaza e pediu a retomada das negociações para um cessar-fogo.

As negociações indiretas entre Hamas e Israel para uma trégua foram suspensas na sexta-feira, após o braço armado palestino acusar o governo de Benjamin Netanyahu de impedir o avanço das conversas.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando combatentes do Hamas realizaram um ataque surpresa no sul de Israel, resultando na morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo levantamento da AFP baseado em dados oficiais.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva que já causou ao menos 58.765 mortes, a maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

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