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Israel ordena evacuação no centro de Gaza e amplia ações; 73 palestinos são mortos

O Exército de Israel anunciou ordens recentes para evacuar o centro de Gaza neste domingo, 20, uma região onde a presença militar terrestre tem sido limitada. Essa medida atinge áreas importantes para a atuação das organizações internacionais que distribuem ajuda, comprometendo a conexão entre a cidade de Deir al-Balah e as regiões ao sul, como Rafah e Khan Younis.
O porta-voz militar israelense, Avichay Adraee, declarou que as forças armadas intensificarão seus ataques contra grupos terroristas e orientou os moradores a se deslocarem para a área designada como zona humanitária, o acampamento de Muwasi, localizado na costa sul de Gaza.
De acordo com dados do Ministério da Saúde palestino, 73 pessoas perderam a vida enquanto aguardavam ajuda humanitária em vários pontos de Gaza neste domingo. A maior tragédia ocorreu no norte de Gaza, onde pelo menos 67 palestinos morreram tentando obter assistência pela passagem de Zikim, no norte da faixa, conforme informado pelo Ministério da Saúde e hospitais locais.
Em comunicado pelo Telegram, as Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que as operações terrestres estão se expandindo na região de Jabalia, visando combater organizações terroristas. Até o momento, centenas de instalações ligadas a grupos armados foram destruídas, várias armas apreendidas e dezenas de combatentes terroristas neutralizados.
Essas ações são justificadas pelo Exército israelense como necessárias para proteger os civis nas comunidades próximas à Faixa de Gaza.
A intensificação do conflito ocorre num momento crítico, em que as negociações para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediadas pelo Catar, permanecem estagnadas há vários meses.
Crise Humanitária
Além das 73 mortes confirmadas, mais de 150 pessoas ficaram feridas, algumas gravemente, segundo relatos dos hospitais. Ainda não está claro se as vítimas foram atingidas pelas tropas israelenses, por grupos armados ou por ambos.
Testemunhas relataram que soldados israelenses dispararam contra a multidão, mas o Exército não comentou esses relatos.
O diretor do Hospital Shifa, Mohamed Abu Selmiyah, comunicou que até a manhã de domingo o hospital havia recebido 48 mortos e 150 feridos, vítimas da tentativa de buscar ajuda pela passagem de Zikim. Confirmou que pelo menos 40 das mortes foram causadas por disparos.
Na cidade de Rafah, no sul de Gaza, o hospital Nasser registrou 17 mortos e 69 feridos nas proximidades dos pontos de distribuição de ajuda.
Acesso Prejudicado
A região sob ordem de evacuação é crucial para operações humanitárias. As Nações Unidas têm pedido esclarecimentos às autoridades israelenses sobre se as instalações da ONU em Deir al-Balah estão incluídas nessa evacuação, segundo um funcionário anônimo da ONU. Historicamente, esses locais foram excluídos dessas ordens.
A evacuação prejudica severamente o deslocamento das equipes de ajuda e dos civis na área.
Avichay Adraee reafirmou que o Exército continuará ataques intensos contra os terroristas e recomendou que os civis, inclusive aqueles em abrigos improvisados, se dirijam à área humanitária de Muwasi.
A população de Gaza, que ultrapassa os dois milhões de habitantes, enfrenta uma situação humanitária gravíssima.
Contexto do Conflito
O conflito atual iniciou-se há 21 meses, após uma invasão do sul de Israel por terroristas ligados ao Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns, dos quais 50 permanecem detidos, embora se acredite que menos da metade esteja viva.
A resposta militar israelense causou mais de 58 mil mortes em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. Embora esse órgão não identifique quais vítimas eram combatentes, estima-se que mais da metade dos mortos sejam mulheres e crianças.
O Ministério da Saúde, afiliado ao governo do Hamas, é considerado pela ONU e outras entidades internacionais a fonte mais confiável sobre dados de vítimas.
O Fórum das Famílias dos Reféns, que representa muitas famílias de sequestrados, criticou a ordem de evacuação e exigiu explicações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e do Exército israelense sobre os objetivos desta operação na região central de Gaza, acusando Israel de agir sem um plano de guerra claro.

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