Ministra da Cultura da França enfrenta julgamento por suspeita de corrupção

Rachida Dati, a ministra da Cultura da França, será submetida a julgamento por alegações de corrupção e abuso de poder relacionadas a um suposto caso de tráfico de influência durante seu mandato no Parlamento Europeu, informou uma fonte judicial à AFP nesta terça-feira (22).

Dati, de 59 anos e candidata à prefeitura de Paris no próximo ano, foi acusada em 2019 de ter realizado lobby para o grupo automotivo Renault-Nissan enquanto atuava na União Europeia, acusações que ela refuta.

Ela teria recebido cerca de 900 mil euros (aproximadamente 5,8 milhões de reais) em honorários advocatícios entre 2010 e 2012 de uma subsidiária da Renault-Nissan nos Países Baixos, sem comprovar ter prestado serviços efetivos, enquanto exercia seu mandato como eurodeputada de 2009 a 2019.

As investigações buscam confirmar se Dati efetuou lobby no Parlamento Europeu em benefício da montadora, prática proibida nessa instituição.

Os promotores franceses requisitaram também a acusação de Carlos Ghosn, ex-líder da Renault-Nissan, segundo a mesma fonte judicial.

Ghosn, de 71 anos, que reside no Líbano após sua fuga de uma prisão no Japão, nega as acusações contra si.

A data do julgamento será marcada em uma audiência no dia 29 de setembro, segundo informado.

Fontes indicam que o julgamento pode ocorrer após as eleições municipais de Paris, previstas para março.

Dati, com raízes em imigrantes do Norte da África da classe trabalhadora, tentou diversas vezes sem sucesso arquivar as acusações.

Ghosn, ex-presidente e CEO do grupo automotivo, foi preso no Japão em novembro de 2018 por suspeitas de irregularidades financeiras e, após ser destituído pela Nissan, escapou do país em 2019 escondido em uma caixa de equipamentos de áudio, estabelecendo-se em Beirute, onde segue foragido. Japão e França solicitaram sua prisão internacional.