Economia
Dólar mantém estabilidade aguardando possíveis negociações entre Brasil e EUA

O mercado de câmbio apresentou alta instabilidade nesta terça-feira (22), com volume de negócios reduzido devido a uma agenda bem leve. Mesmo com a divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas no final da tarde, que mostrou a eliminação do contingenciamento de R$ 20,7 bilhões e um ligeiro aumento no bloqueio de R$ 10,6 bilhões para R$ 10,7 bilhões, o impacto nos preços foi mínimo.
A cotação mínima do dólar em relação ao real, R$ 5,55, ocorreu no início da tarde acompanhado da perda de força da moeda global, enquanto o mercado observava declarações do presidente Donald Trump criticando novamente o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. A ausência de novidades concretas sobre um possível diálogo entre Brasil e EUA, que poderia suavizar as tarifas de 50% previstas para começar a valer em 1º de agosto, impediu uma valorização significativa do real.
Após atingir a máxima de R$ 5,5903 pela manhã e a mínima de R$ 5,5525 no início da tarde, o dólar comercial fechou praticamente estável (+0,04%) a R$ 5,5670, enquanto o contrato futuro para agosto caiu 0,18%, cotado a R$ 5,574 por volta das 17h13.
O principal fator que influencia o câmbio é a direção que o governo brasileiro escolhe para responder às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos importados a partir de agosto — se optará por negociações ou medidas de retaliação, conforme comentado por operadores. Segundo o diretor de investimentos da Nomos, Beto Saadia, “o mercado está atento às tarifas que podem expandir ou reduzir a entrada de dólares no Brasil via balança comercial”.
Noticiários recentes têm sinalizado um tom mais negativo, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter declarado que “a guerra tarifária começará quando eu responder ao Trump, caso ele não mude sua posição”. Além disso, o senador americano Lindsey Graham ameaçou aplicar uma tarifa de 100% para países que continuarem importando petróleo da Rússia, citando China, Índia e Brasil como os principais compradores.
No entanto, Saadia acredita que “a expectativa é que Lula evite ataques pessoais a Trump e conduza as negociações por vias institucionais”.
Investidores também avaliaram o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas divulgado pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda por volta das 16h30. O trader e especialista em dólar da Genial Investimentos, Luan Aral, observa que “é notável a expectativa do governo por um câmbio mais baixo — a projeção do câmbio médio para 2025 caiu de R$ 5,81 para R$ 5,70 — e o aumento na arrecadação, refletido na eliminação do contingenciamento, embora isso tenha tido pouco impacto no mercado.”

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