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Esquerda usa estilo de vídeos de Nikolas para criticar bolsonarismo e tarifa de Trump

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O formato segue o mesmo padrão: o indivíduo aparece diante de um fundo escuro e utiliza uma linguagem acessível, com ataques diretos, para abordar o tema que domina a discussão política atual.

O estilo, que ficou conhecido graças ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a crise do Pix, agora é adotado pela esquerda para questionar o bolsonarismo.

O exemplo mais recente aconteceu nesta quarta-feira, quando Bia Lula, uma das netas do presidente não eleito que está no Palácio do Planalto, atacou o presidente dos EUA, Donald Trump, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devido à tarifa de 50% imposta pelo governo americano sobre produtos brasileiros.

No vídeo, Bia afirma que Trump e Bolsonaro “nunca quiseram negociar ou fazer acordos” e estão em busca de “dominar”. A neta de Lula também defende seu avô, destacando que ele age em defesa do Pix.

“Ah, vão dizer que o Bolsonaro criou o Pix. Na verdade, o Pix foi desenvolvido pelo Banco Central, por técnicos brasileiros. E sabe quem está defendendo o Pix atualmente? Quem está enfrentando o Trump para manter o Pix gratuito? É o Lula! Porque, se fosse o Bolsonaro, já teria entregado tudo. Eles não aguentam ver o Brasil livre” — declarou Bia Lula no vídeo.

Durante a gravação, Bia Lula comete um erro ao tratar do contexto histórico das relações entre os países, o que provocou reação de representantes da direita, como o próprio Nikolas. Ela afirmou que os Estados Unidos exploram o Brasil há 500 anos, porém a nação americana foi fundada em 1776, ou seja, tem 249 anos. “A mentira está no DNA”, escreveu Nikolas nas redes sociais. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também criticou: “Essa aprendeu números com o avô, sai inventando bastante também”.

O primeiro vídeo no estilo publicado por Nikolas tinha como alvo a fiscalização nas transações bancárias via Pix e alcançou mais de 300 milhões de visualizações no Instagram. O segundo foi para defender um projeto na Câmara que pede anistia aos condenados pelos ataques golpistas do 8 de janeiro. O terceiro vídeo aborda a crise do INSS e combate a narrativa da esquerda de que a fraude teria começado no governo Bolsonaro.

Em outras ocasiões recentes, o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL-SP) adotou o estilo Nikolas em duas postagens em julho com críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aliado de Bolsonaro. O deputado federal André Janones (Avante-MG) também usou essa estética em abril, associando o ex-presidente a fraudes no INSS. O vereador Pedro Rousseff (PT-MG), sobrinho-neto da ex-presidente Dilma, também utilizou esse formato para criticar Nikolas, seu adversário no estado.

Arthur Ituassu, professor do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, observa com atenção o recente empenho da esquerda e do governo para ampliar sua eficácia e presença nas redes sociais. Para ele, a estética dos vídeos pode facilitar a viralização, mas o que realmente importa agora são os temas universais que esses vídeos abordam, como justiça fiscal e soberania nacional.

Nikolas é um dos comunicadores digitais mais habilidosos da nova direita e tem influenciado diferentes formas de comunicação. Ele não criou esse modelo, que é fácil de replicar. O formato pode ser copiado, mas o sucesso depende do conteúdo e do contexto. O que realmente está fazendo diferença para o governo e a esquerda são as pautas universais que conseguem mobilizar”, avalia Ituassu.

Luciana Veiga, professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), afirma que a esquerda está aprendendo a linguagem e a estrutura das redes sociais, algo que a direita já dominava nas últimas eleições.

“Os elementos comuns aos dois lados não são de esquerda ou direita, mas sim discursos digitais antissistema. No conteúdo, atacam a imprensa, desqualificando as informações que ela traz, e valorizam o engajamento nas redes sociais para viralizar. Os deputados abandonam o uniforme de trabalho que os liga ao Congresso para atuar nesse ambiente”, explica Veiga.

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