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Alerta sobre desnutrição infantil em Gaza

Organizações que atuam em ajuda humanitária emitiram um alerta sobre o crescimento da desnutrição entre crianças em Gaza, causado pelo conflito que atinge a região. Neste cenário crítico, os líderes da Alemanha, França e Reino Unido realizarão uma conferência telefônica nesta sexta-feira (25) para discutir a piora dessa situação.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) informou que um quarto das crianças de seis meses a cinco anos, além de mulheres grávidas e lactantes atendidas em suas unidades na última semana em Gaza, apresentam desnutrição.
O temor de uma crise alimentar se alastrar pela região cresce, e os governos da Alemanha, França e Reino Unido convocaram uma reunião de emergência para coordenar esforços visando um cessar-fogo entre Israel e Hamas.
Este encontro ocorre após o anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, que declarou que a França reconhecerá o Estado palestino em setembro, decisão esta que provocou forte reação por parte de Israel, que acusou a França de apoiar o terrorismo.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou que realizará uma reunião urgente com seus parceiros para discutir ações imediatas visando cessar o conflito e garantir alimentos para a população necessitada, ao mesmo tempo em que buscam estabelecer uma paz duradoura.
Esta iniciativa surge após os Estados Unidos desistirem das negociações indiretas com o Hamas no Catar para alcançar um acordo de trégua em Gaza. O emissário americano, Steve Witkoff, comunicou o retorno das equipes de negociação, criticando o Hamas por uma postura egoísta e falta de boa fé.
Crise alimentar crescente
Mais de cem organizações humanitárias alertaram recentemente que a gravidade da crise alimentar está aumentando na Faixa de Gaza. Israel nega a responsabilidade pelo agravamento desta situação.
Desde março, Israel mantém o bloqueio à entrada de ajuda humanitária em Gaza, aliviando-o parcialmente apenas em maio. A distribuição da ajuda é feita pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), controlada por Israel e Estados Unidos, que substituiu o programa tradicional gerido pela ONU.
As entidades humanitárias se recusam a colaborar com a GHF, alegando que a fundação serve interesses militares de Israel. A ONU denunciou que desde o fim de maio, mais de 750 palestinos foram mortos pelas forças israelenses ao tentar acessar os pontos de distribuição da fundação.
Relatos indicam que pacientes feridos no hospital Naser tentaram obter ajuda humanitária enfrentando perigo de morte.
Israel não aceita restabelecer o sistema de distribuição da ONU, alegando que o Hamas poderia usar a ajuda para seus próprios objetivos.
Segundo a MSF, “o uso proposital da fome como tática de guerra por Israel em Gaza atingiu níveis nunca vistos antes. Pacientes e profissionais de saúde estão passando fome”.
Risco elevado para as crianças
A agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) declarou que uma em cada cinco crianças na Cidade de Gaza está desnutrida.
O diretor da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que a maioria das crianças que atendem está muito debilitada, com alto risco de morte caso não recebam tratamento urgente.
O conflito em Gaza iniciou-se após um ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.219 mortes, principalmente civis, conforme dados oficiais compilados pela AFP.
A resposta militar israelense matou cerca de 59.587 palestinos, na maioria civis, de acordo com números do Ministério da Saúde de Gaza validados pela ONU.
Além disso, no mesmo ataque, militantes capturaram 251 pessoas em Israel, com 49 ainda cativas em Gaza, das quais 27 teriam falecido segundo o exército israelense.

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